O Centro Anti-Discriminação VIH e Sida (CAD) lança hoje uma nova campanha que destaca a importância do tratamento eficaz do VIH na prevenção da transmissão do vírus, quebrando com a ideia errada e estigmatizante de que as pessoas que vivem com VIH são transmissoras do vírus mesmo quando estão em tratamento.
Há mais de 20 anos, os primeiros estudos científicos relataram casos de não transmissão do VIH em casais serodiferentes (onde um dos parceiros vive com VIH e outro não) quando a carga viral é baixa. Desde então, e principalmente após a impactante confirmação num estudo publicado em 2016, dados científicos amplamente verificados dizem de forma inequívoca que quando a pessoa que vive com VIH está em tratamento eficaz, não transmite o vírus.
Esta evidência científica fez surgir o conceito Indetetável = Intransmissível, também conhecido como “i=i”. Indetetável significa que a carga viral, ou a quantidade de vírus no sangue, é muito baixa, enquanto Intransmissível significa que, quando a carga viral é Indetetável, ou seja, suprimida, o VIH não é transmitido.
Se esse facto científico ainda é pouco divulgado no campo do VIH, é praticamente desconhecido pela população em geral. Após o sucesso da campanha “Eu sou VIH+ e Visível”, lançada em 2022, o CAD continua a dar voz às pessoas com VIH e dá agora visibilidade às redes de sociabilidade, através de cinco conversas sinceras e abertas registadas em vídeo, nas quais casais, colegas de trabalho, pessoas amigas, familiares e profissionais de saúde partilham as suas experiências e visões sobre a vivência com pessoas com VIH, destacando como a evidência científica “Indetetável = Intransmissível” mudou as suas vidas.
“Estas conversas mostram que as pessoas com VIH não estão sozinhas, que a informação é poder e que é também responsabilidade de quem não vive com VIH saber mais sobre o vírus e travar de vez o preconceito e a discriminação. O tratamento eficaz do VIH permite que as pessoas vivam vidas longas e saudáveis, evitando a transmissão do vírus por via sexual e por outras vias. Infelizmente, são poucas as pessoas que partilham este conhecimento”, lamenta João Brito, coordenador do CAD, e explica que “as pessoas que vivem com VIH ainda são discriminadas em muitas áreas por causa do medo do VIH que foi instalado durante os anos sombrios da epidemia, mas é tempo de quebrar com esse paradigma”.
“A formação é também essencial para erradicar os contextos discriminatórios, e por isso temos alertado ao longo destas décadas para a importância de o Estado e as instituições investirem em ações de formação e capacitação não só das comunidades que vivem com VIH, como da população em geral, quebrando mitos, crenças e atitudes sociais estigmatizantes”, acrescenta Ana Duarte, coordenadora do CAD e responsável pela área da formação.