Por: Thordis Berger, CMO – Chief Medical Officer – Portugal
O exercício físico, no sentido de uma atividade física estruturada para atingir algum objetivo funcional ou morfológico, apresenta uma importante função na prevenção dessas patologias porque promove diversas adaptações no organismo. Destas adaptações podem ser referidas a alteração na composição corporal (massa muscular, percentual de gordura, etc.), regulação de parâmetros fisiológicos (como frequência cardíaca e pressão arterial), influência no metabolismo (anabolismo e catabolismo) de diversas substâncias, entre outros.
Além disto, o exercício físico influencia a resposta inflamatória do organismo, melhorando as defesas do corpo contra os mecanismos ligados ao aparecimento das patologias acima referidas.
Nos últimos anos, diversos estudos confirmaram e ampliaram o conhecimento anterior sobre as associações epidemiológicas entre inflamação e determinadas patologias. Sabemos hoje que a inflamação crónica promove o desenvolvimento de resistência à insulina, aterosclerose, neurodegeneração e crescimento tumoral e, subsequentemente, o desenvolvimento de uma série de doenças associadas à inatividade física.
Os efeitos anti-inflamatórios do exercício físico regular parecem ser mediados tanto através de uma redução na massa de gordura visceral (com uma subsequente diminuição da liberação de adipocinas, ou seja, proteínas segregadas pelo tecido adiposo e que podem participar na inflamação e resposta do sistema imune) quanto pela indução de um ambiente anti-inflamatório a cada sessão de exercício.
O músculo que se encontra ativo com a prática de exercício produz substâncias benéficas à prevenção de inflamações e, com isso, consegue inibir as secreções inflamatórias que são produzidas pelo tecido adiposo. Vários estudos mostram que os marcadores de inflamação são reduzidos após mudanças comportamentais a longo prazo que incluem a redução da ingestão de energia e um aumento da atividade física.
O exercício é, efetivamente, uma abordagem importante, que feito da forma correta (para que ocorra perda de massa gorda e ganho de massa muscular) consegue ter esse efeito anti-inflamatório e, consequentemente, diminuir o risco de desenvolvimento de doenças e patologias associadas a estados inflamatórios crónicos.