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Ordem dos Arquitectos critica processo de escolha de autor do pavilhão de Portugal na Expo25

A Ordem dos Arquitectos declarou hoje estar “profundamente desagradada” com o facto de Portugal, “pela primeira vez”, apresentar um pavilhão nacional numa Exposição Mundial com um edifício não desenhado por um arquiteto português, na sequência da escolha de Kengo Kuma

24 Fevereiro 2024
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A notícia da escolha do arquiteto Kengo Kuma para criar o pavilhão de Portugal para a Expo de Osaka, no próximo ano, foi avançada na quarta-feira pelo jornal Público, indicando que a proposta foi apresentada pela construtora italiana Rimond ao concurso internacional lançado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Citando a AICEP – entidade responsável pela organização da participação nacional nestas exposições – o jornal refere que o contrato de conceção, construção, manutenção, desmontagem e demolição do pavilhão português foi celebrado em novembro com o braço japonês desta empresa com sede em Milão, um investimento de 13,6 milhões de euros, num projeto autorizado a 8 de fevereiro pelo Tribunal de Contas.

Numa nota crítica da Ordem dos Arquitectos enviada hoje à agência Lusa, a entidade diz estar “profundamente desagradada” com o processo de escolha do arquiteto responsável pelo Pavilhão de Portugal na Exposição Mundial de Osaka 2025, e pela “forma como os arquitetos portugueses foram tratados”.

“É lamentável que, considerando o prestígio e reconhecimento dos arquitetos nacionais no panorama internacional, Portugal se apresente com um edifício que não tenha a autoria, ou pelo menos coautoria arquitetónica portuguesa”, considera a direção da Ordem, presidida pelo arquiteto Avelino Oliveira.

A entidade diz não estar surpreendida com esta escolha, porque Portugal “realizou um concurso com parâmetros que induziram a que isso acontecesse”, lamentam.

“No caderno de encargos do concurso denominado ‘Conceção, Construção, Manutenção, Desmontagem e Demolição do Pavilhão de Portugal na Expo 2025 Osaka Kansai’ podemos ler que um dos critérios para a escolha da equipa projetista é que a mesma seja liderada por um ‘Architect of Records’, que é como quem diz, um arquiteto premiado, prestigiado, reconhecido”, refere.

Comenta que esta exigência não ofereceria entrave, porque, “felizmente, o que não falta à Ordem dos Arquitectos Portugueses é membros inscritos que podem ser reconhecidos com ‘Architects of Records’, desde Pritzkers a premiações em diferentes partes do globo”.

No entanto, o concurso exigia, dizem, “mais de seis anos de experiência como responsável técnico pela conceção e construção de edifícios no Japão, de características similares, iniciada e concluída nos últimos 10 anos”, e, acrescenta, a exigência de “que essas obras possuam um valor de construção superior a dois milhões de euros”.

“E é assim que Portugal como membro do Bureaux desde 1932 preparou a sua presença em Osaka, tornando este processo não só num modelo de conceção construção como também dispondo as regras de forma que a escolha recaísse num arquiteto japonês”, acrescenta.

Para a Ordem dos Arquitetos, “com este critério, o arquiteto Keil do Amaral não poderia ter feito o Pavilhão de Portugal na Exposição de Paris em 1937, porque não tinha seis anos de experiência na Cidade Luz, nem obras semelhantes nos últimos 10 anos, nem Jorge Segurado, em 1939, teria desenhado o Pavilhão português em Nova Iorque, porque não tinha projetos em Manhattan, e mesmo Álvaro Siza e Souto de Moura, por incrível que pareça, poderiam ter tido dificuldades em se apresentarem à realização do Pavilhão de Hannover no ano 2000”.

Por outro lado, sustentam que há muitos países com pavilhões desenhados por arquitetos seus nacionais na Expo25, e dão exemplos: “O autor do Pavilhão de Espanha é Nestor Montenegro, de Madrid, o autor do Pavilhão Italiano é Mario Cucinela, de Palermo, os co-autores do Pavilhão de França são o estúdio CAAU – Coldefy & Associés, de Lille, os autores do Pavilhão Holandês são o estúdio RAU Architects, de Amesterdão, o autor do Pavilhão da Belgica é Cyril Rousseaux de Charleroi, o Pavilhão da Suiça é do grupo NUSSLI e da autoria de Manuel Herz, de Basileia, o Pavilhão USA é do estúdio Trahan, de Nova Orleães, o Pavilhão da China é da autoria do estúdio CADG, de Beijing [Pequim], o Pavilhão do Brasil é da autoria de Marcio Kogan, de São Paulo”.

Ressalvam, no entanto, que a Ordem dos Arquitectos “tem o maior respeito pela figura e pelo trabalho do arquiteto japonês Kengo Kuma, e acompanha o trabalho que esse arquiteto tem desenvolvido em Portugal, com parcerias nacionais de enorme qualidade, e em nenhum momento pretende questionar o conhecimento e a capacidade da sua equipa”.

Contactada pela agência Lusa, fonte da comunicação da AICEP confirmou a realização do concurso internacional e remeteu para mais tarde a resposta a várias perguntas enviadas por correio eletrónico sobre o processo do concurso e as respetivas condições.

Kengo Kuma é o arquiteto responsável pelo projeto de remodelação do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que abre ao público a 20 de setembro, após quatro anos em obras, e pelo projeto de requalificação e reconversão do Matadouro do Porto.

Nascido em Yokohama, e formado pela escola de arquitetura de Tóquio, Kengo Kuma é autor de outros projetos como o estádio dos jogos olímpicos de Tóquio2020 e o Suntory Museum of Art, também na capital japonesa, o Besançon Art Center, em França, e a Bamboo Wall House, na China, entre outros.

Lusa

Foto –

Autor: Gushchin Ivan 

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