Ellidaey e é um pequeno ilhote de 0,45 quilómetros quadrados, uma reserva natural, situada no pequeno arquipélago de Vestman, no sul da Islândia. A sua utilização não está relacionada com retiros espirituais, inspirações literárias ou desejos românticos.
O único edifício de Ellidaey é uma casa em perfeito estado de conservação, mas sem eletricidade, abastecida por água através de um sistema de recolha de águas pluviais.
Diz a lenda local, foi construída há 300 anos por cinco famílias que viviam na ilha e praticavam a agricultura, a caça e a pesca. Segundo esta história, nos anos 30 do século passado, os últimos habitantes deixaram Ellidaey.
Aa casa tornou-se na mais solitária do mundo. Mas não era esse o objetivo. Em 2000, a casa foi objeto de uma nova polémica, quando o então primeiro-ministro islandês, Davíð Oddsson, anunciou a sua intenção de a oferecer à cantora Björk, que, segundo ele, tinha feito mais pela Islândia do que a maioria dos seus compatriotas.
Na realidade, tratou-se de um mal-entendido. Estava a referir-se a uma parte do fiorde Breiðafjörður com o mesmo nome. Mas no imaginário coletivo, especialmente para os fãs de Björk, ficou a ideia de que esta é a casa de Björk. Não é verdade.
E há ainda outros rumores sobre a propriedade da casa. Os mais loucos são os de que foi construída por um bilionário excêntrico que planeava retirar-se para a ilha para se proteger de um apocalipse zombie. Ou que foi ocupada por um eremita e fanático religioso.
A realidade? A casa misteriosa foi construída em 1954 e é propriedade, tal como o resto da ilha, de uma associação que organiza viagens por cerca de 5 mil dólares americanos para caçar papagaios-do-mar do Atlântico (Fratercula arctica).
Trata-se de uma ave marinha autóctone vulnerável, mas não está protegida pelo governo islandês, que permite a sua caça. A contratação da excursão dá o direito a caçar 100 papagaios-do-mar.
A casa serve de base logística e de armazém de mantimentos, espingardas e fatos de camuflagem. Um triste destino que finalmente revela o mistério da sua existência.
Desde 2015, o papagaio-do-mar do Atlântico, que faz parte da cultura gastronómica da Islândia, está classificado como “vulnerável” pela União Internacional para a Conservação da Natureza. A sua população sofreu um declínio maciço desde 2000. Em duas décadas, perderam-se quase dois milhões de espécimes (sobrevivem pouco mais de cinco milhões).