O cantor guineense Américo Gomes, que contava 51 anos, foi encontrado morto na sua residência em Lisboa, na tarde de quarta-feira, disse hoje o irmão, Elísio Gomes Sá, numa nota publicada nas redes sociais.
Outra fonte familiar indicou à Lusa que os familiares aguardam por uma autópsia das autoridades portuguesas para determinar a causa da morte do cantor, que era querido entre os guineenses.
A ministra da Cultura, Juventude e Desporto, Maria da Conceição Évora, escreveu, numa rede social, que, “Diguidaz”, como o próprio gostava de ser chamado, “teve uma passagem curta” na terra, mas deixou “um grande legado”.
“Os artistas não morrem. A tua música será tocada e ouvida sempre em todos os cantos do mundo”, escreveu Conceição Évora.
O economista guineense e antigo subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor de assuntos políticos da organização, Carlos Lopes, escreveu, também nas redes sociais, que ainda não acredita que Américo Gomes morreu.
O cantor nasceu em Canchungo, norte da Guiné-Bissau, de onde também é originário Carlos Lopes, confessando este que, vivendo sempre longe do país, costuma ouvir as músicas de Américo Gomes para se lembrar da sua terra natal.
Vários partidos e líderes políticos também expressaram o seu pesar “pelo falecimento repentino” de Américo Gomes.
As rádios de Bissau e as páginas das redes sociais dos guineenses estão inundadas de músicas e fotografias de Américo Gomes, que é considerado um dos mais talentosos músicos do país dos últimos 30 anos.
Radicado em Portugal há vários anos, o cantor visitava o país regularmente para participar em concertos musicais ou em campanhas políticas.
Américo Gomes é conhecido pela sua intervenção na vida política do país, não se coibindo de criticar os dirigentes do país, mesmo aqueles que receberam o seu apoio nas campanhas eleitorais.
“Eu apoio sempre o meu povo”, declarou recentemente num vídeo publicado nas redes sociais.
No comunicado da família, o irmão Elísio Gomes Sá, secretário de Estado do Orçamento e Assuntos Fiscais no atual Governo guineense, descreve o irmão como um “artista talentoso” e “sempre atento aos que estavam à sua volta”.
“Américo, conhecido por todos como um cantor apaixonado pela sua arte e pelos seus fãs, deixa um legado de memórias musicais que permanecerão imortalizadas nas ondas do rádio e nos nossos corações”, frisou.
Licenciado em gestão de empresas, Américo Gomes publicou sete álbuns musicais.
Cantava em crioulo guineense, em manjaco (o dialeto da etnia manjaca, a que pertence), em francês, em inglês e em wolof, uma das línguas nativas do Senegal, país onde também é bastante popular, tal como na Gâmbia, onde, aliás, tinha um concerto marcado para os próximos dias.
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