Segundo investigadores das universidades de Wrocław (Polónia) e Oxford (Reino Unido), três características dominam o perfil psicológico de quem aspira — desde cedo — a uma vida de conteúdos patrocinados, seguidores fiéis e câmaras sempre apontadas: extroversão, narcisismo e dramatismo.
Sim, leu bem. Se conhece alguém que adora estar no centro das atenções, tem uma confiança desmedida e uma veia teatral digna de palco… pode muito bem estar a olhar para o próximo fenómeno das redes sociais.
O estudo, publicado na revista científica Telematics and Informatics, analisou quase 800 jovens de 16 e 17 anos e concluiu que os que mais desejavam tornar-se influenciadores eram os mais extrovertidos e egocêntricos, com uma forte necessidade de expressar emoções em público.
Características que, segundo os especialistas, são semelhantes às dos jovens que seguem teatro ou artes performativas — áreas onde a validação e a exposição fazem parte do percurso.
Não é difícil perceber porquê: ser influenciador requer mais do que apenas um telemóvel e uma boa câmara. É preciso carisma, presença e uma enorme resistência emocional.
Este estudo vem confirmar uma tendência que tem vindo a ganhar força nos últimos anos. Em 2019, uma sondagem da Lego revelou que uma em cada três crianças nos EUA, Reino Unido e China queria ser influenciadora — superando até os clássicos sonhos de infância como ser astronauta ou médico.
E não se pense que esta realidade é exclusiva das novas gerações. Cada vez mais adultos estão a apostar nas redes sociais como forma de partilhar conhecimento, inspirar estilos de vida e até desenvolver carreiras paralelas ou negócios próprios.
Apesar das tendências, os investigadores alertam: ter personalidade para brilhar não garante sucesso. A ambição é só o início. O verdadeiro caminho passa por consistência, autenticidade e capacidade de adaptação — especialmente num mundo onde o algoritmo pode ser mais imprevisível do que qualquer palco.
Mas se há uma lição que podemos tirar desta investigação, é que o desejo de comunicar, inspirar e conectar está no centro de tudo. E isso é algo que atravessa gerações.