Alguns investigadores têm alertado para o uso prolongado dos inibidores da bomba de protões (IBPs), fármacos populares para o tratamento de azia, refluxo gastroesofágico e úlceras estomacais. Entre os medicamentos mais comuns deste grupo estão o omeprazol, esomeprazol e lansoprazol.
Um estudo dinamarquês publicado na revista Alzheimer’s & Dementia analisou dados de quase dois milhões de pessoas entre 60 e 75 anos, acompanhadas durante uma média de 10 anos. Os resultados mostraram que, entre os pacientes diagnosticados com demência entre os 60 e os 69 anos, aqueles que usaram IBPs tinham um risco 36% superior de desenvolver demência em comparação com os que não os utilizaram. Este risco foi menor em idades mais avançadas e não se verificou aumento significativo em pacientes com mais de 90 anos.
Os investigadores sublinham que este aumento do risco ocorreu independentemente do tempo entre o início do tratamento com IBPs e o diagnóstico de demência — mesmo tratamentos iniciados 15 anos antes do diagnóstico apresentaram associação com maior risco. Estes resultados sugerem que o uso prolongado destes medicamentos pode afetar a saúde cerebral a longo prazo, possivelmente por influência na função cerebral e no acúmulo da proteína beta-amiloide, ligada à doença de Alzheimer.
Outro estudo recente, publicado em 2023 na revista Neurology, corrobora estes dados, apontando que o uso acumulado de IBPs por mais de 4,4 anos eleva o risco de demência em cerca de 33%.
Para além da associação com demência, um estudo de 2019 publicado em Scientific Reports indica que os IBPs podem atravessar a barreira hematoencefálica, estando ligados a sintomas neurológicos como perda de memória, enxaquecas, neuropatias periféricas e alterações visuais e auditivas.
Especialistas da Yale Medicine alertam ainda para outros efeitos adversos do uso prolongado de IBPs, incluindo doenças cardiovasculares, insuficiência renal crónica, fraturas ósseas e deficiências nutricionais.
Apesar de serem considerados seguros e eficazes, o uso excessivo e prolongado de IBPs é motivo de preocupação entre os especialistas, que pedem cautela e reavaliação médica regular para evitar prescrições inadequadas.
Se estiver a tomar IBPs, consulte o seu médico para discutir os potenciais riscos e alternativas terapêuticas.