A circulação num troço da ciclovia da Avenida Almirante Reis, em Lisboa, será interrompida a partir de terça-feira e até 27 de abril, devido à obra do Plano Geral de Drenagem, anunciou hoje a câmara municipal, avança Lusa.
“No âmbito da obra de construção dos túneis do Plano Geral de Drenagem de Lisboa e dos trabalhos preparatórios da 1ª fase, a ciclovia da Avenida Almirante Reis será interrompida, no troço compreendido entre o n.º 3A e o n.º 15”, avisou o município, referindo que a interrupção será a partir das 08:00 de terça-feira, 21 de março, e até 27 de abril.
De acordo com a Câmara Municipal de Lisboa, a circulação de velocípedes neste troço da ciclovia da Avenida Almirante Reis passa a ser feita na via rodoviária, de forma partilhada com os restantes modos de transporte.
A instalação do estaleiro da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL) nesta zona da cidade implica ainda o desvio da linha do elétrico, para a via ascendente da Avenida Almirante Reis, “por um período estimado de um mês”, previsivelmente até 27 de abril.
“Será necessária a demolição do separador central, bem como a supressão da ciclovia em canal próprio. Por este motivo, a circulação rodoviária, ciclável e de transportes públicos, irá ocorrer, na via mais à direita em cada sentido”, informou a autarquia.
Desde 06 de março e até 10 abril, entre as 21:00 e as 05:00, os trabalhos de preparação da obra do PGDL têm provocado constrangimentos de circulação no sentido ascendente da Avenida Almirante Reis, junto à Travessa Cidadão João Gonçalves.
A informação sobre o PGDL, inclusive o cronograma das obras e os constrangimentos na cidade, está disponível na página da Internet: https://planodrenagem.lisboa.pt/.
Desde as últimas eleições autárquicas, realizadas em setembro de 2021, o futuro da ciclovia da Avenida Almirante Reis tem estado em aberto, uma vez que o atual presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), defendeu que essa pista ciclável era para acabar, propôs uma solução provisória de reperfilamento desta artéria, mas acabou por recuar para priorizar um projeto a longo prazo, inclusive porque se previam obras do PGDL nesta zona.
Em novembro de 2022, a Câmara de Lisboa aprovou a metodologia para o desenvolvimento do Projeto Integrado de Requalificação do Eixo da Almirante Reis, prevendo um processo de participação pública para, posteriormente, elaborar o programa de intervenção e iniciar obra em 2025.
“Pretende-se que a construção do futuro do eixo da Almirante Reis tenha como base um programa de intervenção construído com a população através de um processo de participação pública informado”, segundo a proposta da vereadora do Urbanismo, Joana Almeida (independente eleita pela coligação “Novos Tempos” PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança).
Com o período de execução 2016-2030 e um investimento total de cerca de 250 milhões de euros, o PGDL é “a obra invisível” que vai proteger a cidade dos impactos das alterações climáticas, nomeadamente para evitar cheias e inundações; permitir a reutilização de águas para alimentar e reforçar a rede de rega de espaços verdes, a lavagem de ruas e as redes de combate a incêndios; e diminuir a fatura da água potável.
Considerada a obra municipal de maior envergadura alguma vez levada a cabo pela Câmara de Lisboa, o PGDL prevê a construção de dois grandes túneis de drenagem para transvase de bacias, numa empreitada que custará “cerca de 133 milhões de euros” e que se prevê concluída no início de 2025.
Um dos túneis começa em Campolide (na Quinta José Pinto) e sai em Santa Apolónia, com uma extensão de cerca de cinco quilómetros, e o outro será construído a partir do Beato, na Avenida Infante D. Henrique (perto da Rua do Açúcar), até Chelas (perto do Convento de Chelas), com uma extensão de um quilómetro.
Esta obra terá sete estaleiros – Campolide, Avenida da Liberdade, Rua de Santa Marta/Barata Salgueiro, Avenida Almirante Reis/Rua Antero de Quental, Santa Apolónia, Chelas e Beato – e “apresentará condicionamentos à superfície”, avisou a autarquia, afirmando que estão a ser analisadas várias formas de mitigar os impactos.
A construção dos dois túneis será feita com a tuneladora H2OLisboa, fabricada na China, que tem 130 metros de comprimento e “avança cerca de 10 metros por dia”.