Em comunicado, a Universidade de Aveiro esclarece que a investigação, publicada na revista CoDAS, envolveu 93 famílias portuguesas, com crianças com uma média de idades entre os 4 e 5 anos.
A investigação, desenvolvida por Maria Inês Gomes, Marisa Lousada e Daniela Figueiredo, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS.UA@RISE), procurou analisar a relação entre a utilização de dispositivos digitais, as dinâmicas familiares e o desenvolvimento da linguagem em crianças.
Citada no comunicado, Daniela Figueiredo destaca que os principais resultados do estudo mostram que “a maioria das famílias tem um funcionamento familiar equilibrado e que, em média, as crianças apresentam um desenvolvimento normal da linguagem”.
No entanto, em famílias em que foi observada “menor coesão, flexibilidade e satisfação familiar, há um aumento do tempo de utilização do ‘smartphone’ ou do ‘tablet’ por parte das crianças”.
“Quanto maior é o tempo de utilização de ‘smartphone’, ‘tablet’ e/ou computador por parte das crianças, os resultados em termos de desenvolvimento de linguagem, avaliados por provas de expressão verbal oral e compreensão auditiva, também foram piores”, refere a investigadora.
A investigação mostrou também existir “uma associação muito significativa” entre o tempo de utilização de dispositivos digitais por parte dos pais fora do horário de trabalho e o tempo de uso destes ecrãs pelas crianças.
“A mais tempo de horas de utilização de ‘smartphones’ e ‘tablets’ por parte dos pais, se associa também mais tempo de uso destes dispositivos por parte das crianças, durante a semana e ao fim de semana”, acrescenta.
O estudo aponta assim para o impacto da utilização dos dispositivos e o papel do funcionamento familiar no desenvolvimento da linguagem das crianças em idade pré-escolar.
“Os resultados mostram que uma utilização mais excessiva destes dispositivos pode estar associada a dimensões menos equilibradas do sistema familiar e comprometer o desenvolvimento da linguagem”, avisa Daniela Figueiredo.
Para as investigadoras, uma utilização moderada dos ecrãs, até um máximo de uma hora por dia até aos cinco anos, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e um ambiente familiar saudável, “são fundamentais para promover um desenvolvimento linguístico adequado das crianças”.
SPC // MSP