Dormir é uma das atividades mais naturais do nosso dia-a-dia, mas a ciência mostra que a forma como dormimos pode ter mais impacto na saúde do que imaginamos. Apesar de não existir uma “posição perfeita” para dormir — porque tudo depende da idade, peso, estado de saúde e até do tipo de colchão — há algumas que trazem mais benefícios e outras que podem causar mais problemas ao longo do tempo.
A posição supina — ou seja, de costas — tem tanto defensores como críticos. Por um lado, permite um bom alinhamento da coluna vertebral e pode ajudar a reduzir episódios de refluxo gástrico, especialmente se a cabeça estiver ligeiramente elevada. Além disso, é uma posição amiga da pele, pois evita o atrito do rosto com a almofada, prevenindo rugas.
Mas, por outro lado, esta é também a posição mais associada ao ressonar e à apneia do sono. A gravidade facilita o deslizamento da língua e tecidos moles para a parte de trás da garganta, o que pode comprometer a respiração e afetar seriamente a qualidade do sono.
Curiosamente, para os bebés, dormir de costas é altamente recomendado, pois reduz o risco de Síndrome de Morte Súbita Infantil (SIDS), sendo a posição mais segura nos primeiros meses de vida.
A maioria das pessoas prefere dormir de lado, e a ciência tende a apoiar essa escolha. Dormir lateralmente ajuda a reduzir o ressonar e a melhorar a respiração, o que beneficia não só o próprio, mas também o parceiro.
Dormir sobre o lado esquerdo, em particular, parece trazer vantagens adicionais, como favorecer a digestão e ajudar na eliminação de resíduos do organismo. Estudos em roedores indicam ainda que dormir de lado pode facilitar a limpeza de toxinas no cérebro, um processo que pode estar relacionado com a prevenção de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e o Parkinson.
Contudo, nem tudo são vantagens. Esta posição pode provocar tensão no ombro ou na anca, especialmente se dorme sempre do mesmo lado. Pode também causar dores na mandíbula, especialmente em pessoas que sofrem de bruxismo.
Dormir de bruços é a posição mais rara — e com razão. Embora possa ajudar a reduzir o ressonar e as apneias do sono, tem algumas desvantagens importantes. O peso do corpo fica concentrado na zona abdominal, o que pode causar pressão adicional na coluna e provocar dores nas costas e no pescoço.
Apesar disso, algumas pessoas sentem-se mais confortáveis nesta posição, especialmente quem tem dificuldades respiratórias ou sofre de ansiedade. Ainda assim, a maioria dos especialistas não a recomenda como posição de eleição.
Afinal, qual é a melhor?
A resposta depende, como quase tudo na saúde, do corpo e das necessidades individuais. Para a maioria das pessoas, dormir de lado — alternando entre o lado esquerdo e o direito — oferece o melhor equilíbrio entre conforto e benefícios fisiológicos. No entanto, o mais importante é garantir um sono de qualidade, com um colchão e almofada adequados, e manter uma boa higiene do sono.
Se sente que a sua posição atual está a causar dores ou a prejudicar o descanso, saiba que é possível reeducar o corpo para dormir de forma diferente. Existem técnicas e recursos que podem ajudar nessa transição.
No fim de contas, o melhor sono é aquele que o faz acordar renovado — independentemente da posição.