O Algarve continua a ser um dos destinos preferidos das famílias portuguesas para comprar casa de férias. Mas será verdadeiramente compensatório investir numa segunda habitação para este efeito? Fizemos as contas e balanceámos os prós e contras.
A compra de uma casa é uma decisão que deve ser ponderada e tomada em conjunto com o agregado familiar uma vez que representa um peso considerável nas finanças pessoais de uma família. Assim, antes dessa decisão, é preciso ter alguns fatores em conta. Se, por sua vez, a decisão está tomada, cabe ao consumidor comparar todo o mercado para escolher o financiamento mais indicado para si.
Para uma análise mais fidedigna, apresentamos o perfil da Dona Madalena e do Senhor Pedro. Este casal, na casa dos 50 anos e já com os filhos fora de casa, está indeciso entre comprar casa de férias ou arrendar uma casa, sempre no mesmo período de férias.
Opção 1: Comprar casa de férias
O casal começou pela escolha da localização, embora esta tenha sido uma decisão facilitada. O Senhor Pedro queria no Algarve e a Dona Madalena não hesitou: Monte Gordo era a localização perfeita, em especial por causa das águas mais quentes e pelo extenso areal.
Num fim de semana prolongado ambos viajaram até ao Sul do país e visitaram vários imóveis. Após a escolha da habitação, o passo mais difícil avizinhava-se: optar por comprar casa de férias ou arrendar outro imóvel?
Para conseguirem fazer as contas e pesarem os prós e contras, procuraram primeiro as condições de financiamento para um crédito à habitação para comprar casa de férias. Na tabela abaixo estão resumidas as características encontradas pelo casal.
Instituição | Spreadmínimo | LTV máximo | Prazo máximo | Idade máxima dos proponentes |
---|---|---|---|---|
Bankinter | 1,15% | 70% | 40 anos | 75 anos |
Santander | 1,15% | 70% | 40 anos | 75 anos |
Banco CTT | 1,2% | 70% | 40 anos | 75 anos |
Abanca | 1,2% | 60% | 45 anos | 75 anos |
Millennium BCP | 1,25% | 80% | 40 anos | 75 anos |
ActivoBank | 1,25% | 80% | 40 anos | 75 anos |
Novo Banco | 1,25% | 80% | 40 anos | 75 anos |
Caixa Geral de Depósitos | 1,3% | 80% | 40 anos | 80 anos |
Crédito Agrícola | 1,4% | 80% | 40 anos | 70 anos |
EuroBic | 1,49% | 90% | 40 anos | 75 anos |
Deutsche Bank | 1,5% | 80% | 40 anos | 75 anos |
BPI | 1,5% | 70% | 40 anos | 75 anos |
Montepio | 1,5% | 80% | 40 anos | 75 anos |
UCI | 1,75% | 80% | 40 anos | 75 anos |
Depois desta análise, compararam o mercado de crédito à habitação para perceberem qual seria o custo total do crédito (MTIC) e quanto ficariam a pagar por mês se quisessem adquirir um T2 de 155 mil euros perto da praia.
Para um financiamento a 20 anos – uma vez que têm 55 anos e a idade máxima no final do crédito deve ser 75 anos -, e para o montante de 108.500 euros, se o casal optar pelas soluções com o spread mais competitivo, consegue ficar a pagar uma prestação mensal de 547 euros no Bankinter ou 552 euros no Santander. Quanto ao MTIC, este iria variar entre os 132.662 euros no Bankinter e 133.862 euros no Santander.
Com um rendimento mensal conjunto de 4 mil euros e com as suas despesas fixas com créditos a rondar os 1.047 euros (500 euros do empréstimo da sua casa em Lisboa e 547 euros do financiamento para comprar casa de férias), a taxa de esforço do casal rondaria 26%. Esta é uma percentagem favorável, porque não representa um grande peso para as finanças pessoais desta família.
Se a Dona Madalena e o Senhor Pedro optarem por comprar casa de férias, durante a sua reforma podem inclusive vender a sua casa na capital e viver no Algarve.
Para além desta vantagem de comprar casa de férias, destacamos outras: o casal pode fazer várias escapadelas durante o ano, não tendo de pagar alojamento, e os seus filhos podem fazer férias com os amigos a custo reduzido.
Outro benefício centra-se na possibilidade de arrendar o imóvel durante o inverno ou mesmo durante o verão enquanto não estão de férias. No entanto, é preciso ter atenção: nestes casos, os donos da casa devem informar a instituição financeira na qual detêm o crédito da sua intenção de arrendar, podendo o banco agravar o spread e, consequentemente, o custo total do empréstimo.
Quanto às desvantagens, há que salientar que o casal fica, desde logo, limitado a viajar para outros locais. Embora seja possível, é muito provável que se desloquem para a sua nova casa do que optem por arrendar outra para passarem férias ou visitem outros países, uma vez que estão a pagar uma segunda hipoteca.
Para além disso, a aquisição de uma casa é sempre um peso financeiro para qualquer agregado familiar, sendo muito importante analisar as condições económicas da família antes de se avançar com a compra.
Opção 2: Arrendar casa para férias
A segunda opção passa por arrendar em vez de comprar casa de férias. Assim, o Senhor Pedro e a Dona Madalena procuraram de entre as várias ofertas de habitações para arrendar. Pretendem um T2, também em Monte Gordo, perto da praia e com possibilidade de arrendar durante duas semanas, todos os anos.
O valor quinzenal médio do arrendamento ronda os 1.500 euros. Ora, se o casal optar por arrendar uma casa uma quinzena na Páscoa, outra no verão e ainda uma semana na passagem de ano, o custo anual situa-se nos 3.750 euros.
Isto significa que, ao fim dos 20 anos da duração do crédito à habitação, o casal teria pago 75 mil euros. Este é naturalmente um custo inferior ao do financiamento, mas quais as vantagens?
Por um lado, podem viajar para outros locais durante o ano, o custo anual é inferior e não precisam de ter preocupações com a habitação.
No entanto, têm custos com alojamento sempre que forem de férias, para além de estarem a pagar por um imóvel que não é realmente seu. Para além disso, após os 20 anos de pagamento do crédito, a habitação é sua, contrariamente à casa arrendada.
Arrendar vs comprar
A decisão da Dona Madalena e do Senhor Pedro passou por comprar casa de férias. No entanto, não existe uma decisão certa, porque depende da opinião de cada um.
Por um lado, ao comprar casa de férias pode usufruir da sua habitação a qualquer altura do ano. Pode fazer escapadelas, tem uma casa só sua que não partilha com outros inquilinos e poderá até arrendá-la.
Se esta for a sua opção, sugerimos que, após a escolha do imóvel, procure várias soluções de empréstimos. Assim, terá acesso a várias opções e poderá encontrar a que vai ao encontro das suas capacidades financeiras.
Por outro lado, o financiamento é um peso adicional nas suas finanças pessoais e pode optar apenas por arrendar. Neste caso, pode sempre arrendar uma casa diferente, noutros locais, não tendo de ter preocupações e despesas com a mesma.