Beber café pode estar associado a uma vida mais longa, mas apenas se for consumido sem açúcar nem aditivos com gordura saturada. A conclusão é de um novo estudo liderado por investigadores da Universidade de Tufts, nos Estados Unidos, e publicado a 30 de junho na revista The Journal of Nutrition.
A investigação analisou os dados de 46.332 adultos norte-americanos com mais de 20 anos, acompanhados durante um período médio entre 9 a 11 anos. Durante esse tempo, registaram-se 7.074 mortes, que foram cruzadas com os hábitos de consumo de café dos participantes.
Café preto reduz o risco de morte precoce
Segundo os investigadores, quem bebia café sem açúcar ou com quantidades mínimas de açúcar e gordura apresentava um risco de mortalidade significativamente mais baixo. Em concreto, o consumo regular de duas a três chávenas de café por dia esteve associado a uma redução de 14% na probabilidade de morte precoce, em comparação com quem não bebia café.
“Poucos estudos analisaram o impacto dos aditivos no café em relação ao risco de mortalidade, e o nosso é dos primeiros a quantificar quanto açúcar e gordura saturada estão a ser adicionados”, afirmou Bingjie Zhou, epidemiologista da Universidade de Tufts e coautora do estudo.
Os dados indicam ainda que quando se adicionam quantidades mais elevadas de açúcar ou gordura, como leite gordo ou natas, o efeito protetor do café desaparece. Também se verificou que os consumidores de descafeinado não beneficiaram de qualquer redução significativa no risco de mortalidade, o que sugere que a cafeína pode desempenhar um papel importante.
Açúcar e gordura anulam os efeitos positivos
De acordo com Fang Fang Zhang, também investigadora da Universidade de Tufts e coautora do estudo, “os benefícios do café para a saúde poderão dever-se aos seus compostos bioativos, mas os nossos resultados sugerem que a adição de açúcar e gordura saturada pode reduzir esses benefícios”.
Apesar de o estudo ter tido em conta outros fatores com impacto na mortalidade, como idade, sexo, nível de escolaridade, consumo de álcool ou prática de exercício físico, os autores admitem que não é possível estabelecer uma relação direta de causa-efeito. Ainda assim, os resultados reforçam evidência científica já existente sobre os potenciais efeitos protetores do café.
“Sabendo que o café é uma das bebidas mais consumidas no mundo, e que quase metade dos adultos nos EUA diz beber pelo menos uma chávena por dia, é importante perceber o que isso significa para a saúde”, sublinhou ainda Fang Fang Zhang, no âmbito do mesmo estudo.