O cancro do apêndice é uma doença rara, com uma incidência estimada de apenas 1 a 2 casos por milhão de pessoas por ano. No entanto, um novo estudo revela uma subida alarmante nos casos entre adultos mais jovens, especialmente os nascidos entre 1976 e 1989 — as gerações conhecidas como Geração X e millennials.
De acordo com a investigação publicada esta semana na revista Annals of Internal Medicine, a incidência do cancro do apêndice triplicou entre pessoas nascidas entre 1976 e 1984, e quadruplicou entre os nascidos entre 1981 e 1989, em comparação com os nascidos entre 1941 e 1949.
Cancro raro, mas tendência clara
A principal autora do estudo, Andreana Holowatyj, investigadora e professora de oncologia no Vanderbilt University Medical Center, refere que estas tendências são motivo de preocupação. “Estamos a assistir a padrões semelhantes em cancros do cólon, reto e estômago. O que observamos nos cancros do apêndice é parte de um fenómeno mais vasto”, afirma.
Os dados analisados referem-se a 4.858 casos de cancro do apêndice diagnosticados nos EUA entre 1975 e 2019 e fazem parte de uma base de dados nacional gerida pelo Instituto Nacional do Cancro dos EUA.
O que poderá estar a causar este aumento?
Embora o estudo não identifique causas específicas, os autores consideram improvável que o aumento se deva a melhorias nos métodos de diagnóstico, já que não existem rastreios de rotina para este tipo de tumor. Muitas vezes, o cancro do apêndice é descoberto por acaso, durante cirurgias de urgência por apendicite.
Entre os possíveis fatores de risco, destacam-se a obesidade, alterações alimentares e exposições ambientais, elementos também associados a outros cancros do trato gastrointestinal.
“É provável que se trate de uma combinação de fatores”, defende a Andrea Cercek, do Memorial Sloan Kettering Cancer Center, que não participou no estudo mas confirma a tendência entre os seus próprios pacientes. “Há mudanças no estilo de vida, na dieta, no ambiente. Ainda não conseguimos apontar uma causa única.”
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Apesar de raro, o cancro do apêndice pode ser grave. Os sintomas incluem dor abdominal ou pélvica, inchaço, náuseas e vómitos, sintomas muitas vezes semelhantes aos da apendicite.
O tratamento passa geralmente por cirurgia para remoção do apêndice. Em casos mais avançados, com disseminação do tumor, pode ser necessário quimioterapia. “Até metade dos pacientes já têm a doença em estado metastático no momento do diagnóstico”, alerta Holowatyj.
O que significa isto para os mais velhos?
Apesar de esta tendência se verificar sobretudo em adultos mais jovens, todos devem estar atentos aos sinais e fatores de risco. A alimentação equilibrada, a prática regular de exercício físico e a vigilância médica são pilares essenciais para a prevenção de doenças oncológicas, em qualquer idade.
A boa notícia? Este tipo de cancro continua a ser muito raro, e a crescente atenção científica sobre o tema poderá trazer respostas e formas mais eficazes de prevenção no futuro próximo.
Fique atento aos sinais. Consulte o seu médico se sentir dores abdominais persistentes ou alterações inexplicadas no seu bem-estar digestivo.