Estas ilhas são conhecidas, há muito tempo, como destino de férias de resort, mas existe uma cada vez maior abertura ao ecoturismo e ao chamado “turismo de mochila às costas”, o que começa a abrir as Caraíbas às viagens independentes. Com um excelente clima durante todo o ano (com a exceção ocasional, mas às vezes séria, da temporada de furacões no final do verão e no início do outono), tarifas aéreas acessíveis a partir da Europa e da América do Norte e centenas de ilhas para explorar, as Caraíbas têm uma oferta que agrada a todos os gostos.
Os primeiros habitantes das Caraíbas foram os índios arawak, que mais tarde foram invadidos por uma tribo mais agressiva, os caribes. Nenhum dos dois povos pôde cantar vitória para sempre, ainda que se acredite que os arawaks tiveram um reinado silencioso de cerca de dois mil anos. Chegaram depois os espanhóis, os portugueses, os holandeses, os franceses, os dinamarqueses e os britânicos e, devido a vários fatores, a população destas ilhas caiu a pique. O arquipélago foi palco de muitas batalhas históricas e um número infindável de histórias de piratas.
As Caraíbas são compostas por grupos de ilhas, incluindo as Grandes Antilhas, Pequenas Antilhas, Antilhas de Sotavento e Ilhas de Barlavento. São também chamadas de Índias Ocidentais, porque quando Cristóvão Colombo chegou à América pensou ter chegado à Índia por uma rota diferente. No entanto, foi nas Caraíbas que ele desembarcou. O nome Índias Ocidentais serve para recordar o erro de Colombo que ficou para a História.
Os recifes de coral
Podem ser encontrados nas Caraíbas 9% de todos os recifes de coral existentes na Terra, cobrindo uma área total de 20 mil milhas quadradas. A Barreira de Coral do Belize, a mais conhecida da região, alastra por uma área de 96 300 hectares e foi declarada Património da Humanidade em 1996. É parte integrante do Grande Recife Maia (também conhecido por Sistema Arrecifal Mesoamericano), que conta com mais de mil quilómetros de extensão e é o segundo maior do mundo: abrange as costas caribenhas do México, Belize, Guatemala e Honduras. Hoje em dia os recifes de coral das Caraíbas estão ameaçados pelo aumento da temperatura da água do mar. Estes recifes são ricos em diversidade de fauna, mas são também ecossistemas muito frágeis. As zooxantelas, plantas que servem de alimento aos corais, morrem quando as temperaturas excedem os 30º C durante um tempo prolongado. Além de alimentarem os corais, estas plantas também lhes dão cor. O branqueamento resultante da sua escassez faz com que também os recifes de coral morram, colocando em causa todo o ecossistema. Mais de 42% das colónias de corais já sofreram um branqueamento completo e 95% já iniciaram esse processo.
Além do problema ambiental, o habitat mantido por estes recifes é também crítico para atividades turísticas, como a pesca e o mergulho, contribuindo em muito para a receita do turismo na região. Por isso, em 1986, entrou em vigor o protocolo da convenção para a proteção e desenvolvimento do ambiente marinho na região das Caraíbas, cujo propósito é proteger a vida marinha que está em perigo, através da proibição de atividades humanas que possam incrementar a sua destruição em diversas áreas. Até hoje, este protocolo foi ratificado por 15 nações. Foram também formadas algumas organizações para preservar a vida marinha das Caraíbas, como é o caso da Corporación para la Conservación del Caribe, que procura estudar e proteger as tartarugas marinhas, além de ensinar a população a cuidar delas.
Economia e turismo
Desde o seu período de colonização, as Caraíbas sentiram um aumento muito significativo da intervenção humana. O mar é, de longe, o mais precioso recurso natural da região porque, além de proporcionar um destino de férias paradisíaco, é também uma importante fonte de produção de petróleo – 170 milhões de toneladas produzidas por ano. Na região venezuelana das Caraíbas existem importantes jazigos de petróleo e gás natural.
Outra fonte de riqueza do mar das Caraíbas é a indústria pesqueira, que fornece cerca de meio milhão de toneladas de pescado aos países vizinhos, por ano. A zona tem também uma importante produção de cana de açúcar, com exportação para todo o mundo.
E, claro, o turismo é fundamental para a economia local. O mar das Caraíbas é um sonho para o turismo internacional, contabilizando-se milhões de pessoas a visitar a região durante todo o ano. Entre os destinos preferidos pelos visitantes e turistas, encontram-se a ilha de Porto Rico, a República Dominicana, Cuba, Jamaica, Aruba, Barbados, as Ilhas Virgens, San Martín, Costa Rica, Trinidad ou Margarita na Venezuela; as cidades de Cancún, Playa del Carmen e Cozumel, na Riviera Maia; Majahual, Xcalak e rio Huach na rota da Costa Maia do México; Cartagena das Índias, San Andrés y Providencia e Santa Marta na Colômbia; Puerto La Cruz, Barcelona, Ilha de Aves, Los Roques, Punto Fijo, Choroni, Tucacas, Barlovento na Venezuela; Bocas del Toro, Colón, Kuna Yala e o Canal do Panamá.
Flora e fauna
O mar das Caraíbas apresenta uma enorme biodiversidade no que diz respeito à flora. Estima-se que naquela região existam cerca de 13 mil espécies de plantas, sendo 6500 destas endémicas. Algumas das plantas que se podem encontrar são a oliveira, que se localiza principalmente na República Dominicana, o caimito, que se espalha por toda a região das Caraíbas, o guaiaco (flor nacional da Jamaica), a ceiba (árvore nacional de Porto Rico e Guatemala) e a caoba (árvore nacional de República Dominicana).
Já a fauna da região é característica do clima subtropical, sendo influenciada pelas correntes marinhas quentes, o que faz com que 42% das espécies presentes sejam endémicas. Podem encontrar-se nas Caraíbas cerca de 450 espécies de peixes, entre elas a barracuda, a moreia e diversas famílias de caraciformes. Também se contabilizam 600 espécies de aves, sendo 155 endémicas, como os todies (espécie endémica e uma das mais antigas das Caraíbas). A maioria são igualmente espécies migratórias, como a mariquita-amarela e a garça verde.
Já no que diz respeito aos répteis, contabilizam-se 500 espécies nas Caraíbas, sendo 94% endémicas, como a iguana verde e a iguana azul, endémica da ilha Grande Caimão, a iguana de Mona, endémica da Ilha de Mona (Porto Rico), a iguana-rinoceronte, própria da República Dominicana, e o crocodilo-americano, espalhado pelas ilhas das Caraíbas, América Central e norte da América do Sul, assim como diversas espécies de tartarugas marinhas, como a tartaruga-de-pente.
Também os anfíbios têm uma presença destacada nas Caraíbas, havendo 170 espécies, muitas delas em vias de extinção. Noventa espécies de mamíferos habitam a região, nomeadamente o golfinho, o manati, o almiqui (endémico das Antilhas) e diversas espécies de morcegos, e a baleia-jubarte como espécie migratória. Espécies como a foca-monge-das-caraíbas extinguiram- se ao longo dos últimos séculos devido à ação do Homem. Nos últimos 1500 anos extinguiram-se 90% dos mamíferos das Antilhas.
Cultura
As Caraíbas têm sido o cenário de inspiração para muitas obras literárias e filmes relacionados com piratas e fantasia, com grandes autores, como Daniel Defoe e Robert Louis Stevenson, a abordar estas ilhas nas suas obras. Entre os filmes mais mediáticos passados nas Caraíbas destaca-se, é claro, “Piratas das Caraíbas” e alguns dos filmes de James Bond.
A vida e os costumes dos habitantes das Caraíbas também têm sido representados em obras literárias de autores como o cubano Alejo Carpentier, o dominicano Juan Bosch, o santa-luciense Derek Walcott e o colombiano Gabriel García Márquez, entre outros.
Esta região também viu nascer vários ritmos musicais, como o reggae e o ska, vindos da Jamaica; o merengue e a bachata da República Dominicana; o caplipo de Trinidad e Tobago; o reggaeton de Porto Rico e Panamá; o son cubano e o son montuno originários de Cuba; a cúmbia, o porro e o vallenato da costa das Caraíbas colombianas.
No que diz respeito ao desporto, destaca-se nas Caraíbas o baseball, havendo mesmo uma competição regional anual chamada Série do Caribe. O críquete, trazido pelos ingleses, tem especial relevância nas Antilhas e, mais recentemente, o futebol também começou a ganhar espaço.
Na região do mar das Caraíbas fala- -se uma grande variedade de línguas: espanhol – México, Cuba, República Dominicana, Porto Rico e costas da América Central e do Sul (incluindo arquipélagos dos ditos países), inglês – Jamaica (patois), Ilhas Virgens, Bahamas, Antígua e Barbuda, Dominica, Granada, São Cristóvão e Nevis, São Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Trinidad e Tobago, Barbados, Ilhas Caimão, Anguila, Bermuda, Ilhas Turcas e Caicos, Montserrat –, o crioulo de San Andrés-Providencia nas ilhas de San Andrés e Providencia na Colômbia, o francês – Haiti (crioulo), Guadalupe, Martinica, San Martín, San Bartolomé –, o holandês – Bonaire (papiamento), Curazao (papiamento), Saba, San Eustaquio, San Martín y Aruba.
A cultura das Caraíbas foi influenciada pelos países colonizadores, mas é inegável a “pegada” deixada pela presença de muitos escravos africanos, que contribuíram com as suas danças, folclore e costumes. O desfile Junkanoo, nas Bahamas, é um claro exemplo disso, com origens nas tradições musicais africanas do século XVII, segundo as quais os dançarinos se mascaravam e ao ritmo de instrumentos de percussão.
Uma das festas mais conhecidas das Caraíbas, o Carnaval de Trinidad e Tobago, também remonta ao costume dos escravos africanos de dançar e proclamar o seu desejo de liberdade através de expressões sociais e práticas que, à época, eram proibidas.
Também a influência europeia deixou a sua marca, em ritmos como o danzon cubano, a danza porto-riquenha, o calipso em Trinidad e as compas ou kompa no Haiti.
Por fim, o reggae da Jamaica é um estilo de música com origem na região, mas que se popularizou no mundo, devido ao sucesso do músico Bob Marley. Este tipo de música com origem no ska e rocksteady tornou-se conhecido pelo seu conteúdo social e os sons do baixo e percussão.