Apesar de jurarmos viver “felizes para sempre” a verdade é que isso nem sempre é possível. No momento de celebração de um casamento pode existir um enorme entusiasmo e um conjunto de incríveis expectativas, que infelizmente nem sempre se concretizam. É natural.
Com o passar dos anos o casal pode-se afastar. As diferenças podem acentuar-se, assim como os conflitos que se tornam numa constante. A convivência nunca é sempre fácil, como tal pode chegar-se a um momento sem retorno em que um dos parceiros decide não querer “investir” mais tempo na relação.
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A psicóloga Ann Buscho conta ao potal Psychology Today que muitos dos seus pacientes consideram de uma forma constante a ideia de divórcio. Durante meses ou até anos podem equacionar esta questão e procurar perceber qual o caminho a seguir. Apesar de viverem uma vida conjugal infeliz e de fantasiarem com uma melhor e diferente vida, longe do seu parceiro, as pessoas tendem, no entanto, a ter uma enorme dificuldade em tomar esta importante decisão.
De acordo com Buscho, estas são as 5 razões mais comuns que explicam esta situação.
- Medo
Para a especialista, esta é sem dúvida a principal dificuldade. Temos medo de fazer uma decisão errada e, como tal, acabamos por retardar – por vezes indefinidamente – certas importantes ações. Temos medo de arruinar a vida dos nossos filhos, de ficar sozinhos, de magoar o nosso parceiro, a nossa família. Tudo isto gera uma enorme ansiedade capaz de nos paralisar.
- Sentimento de culpa
Isto é algo igualmente muito comum. Aceitar um divórcio é aceitar um falhanço. É declarar que um certo sonho ou projeto de vida não funcionou como esperávamos. Assim é natural que cresça um enorme sentimento de culpa. Achamos que não nos esforçámos o suficiente, não protegemos como devíamos os nossos votos de casamento, não demos toda a nossa atenção, etc. Muitas vezes sentimo-nos também culpados pelas coisas que fizemos mal. Pelas infidelidades, pelas coisas que dissemos ou que fizemos que causaram dor. Sentimos culpa por não termos conseguido ser o parceiro que desejávamos.
- Não temos segurança financeira
É bastante frequente que as condições financeiras sejam determinantes na decisão de avançar (ou não) com um divórcio. Em alguns casos um dos parceiros pode estar tão dependente financeiramente do outro que se torna quase impossível imaginar uma outra vida. Se enquanto casal pode ser já difícil fazer face às despesas existentes, então será bem mais difícil quando os rendimentos ficarem ainda mais fragilizados. De resto, o próprio processo de divórcio pode tornar-se extremamente dispendioso, caso seja necessário envolver advogados e tribunais. Um divórcio menos litigioso e mais amigável poderá ser uma opção bem mais “amiga” da carteira, mas infelizmente nem sempre é possível.
- Esperamos que as coisas fiquem melhores
A confiança “cega” de que o futuro será sempre melhor e que tudo isto não passa de uma fase pode acabar por prolongar desnecessariamente uma experiência dolorosa e infeliz. Criamos algumas ideias que nos ajudam a acreditar nesta possibilidade. Pensamos que assim que os filhos saiam de casa teremos melhores oportunidades de resolver os problemas, acreditamos que o nosso parceiro vai alterar os seus comportamentos negativos ou que vamos encontrar formas milagrosas de aceitar a nossa realidade. Apesar de todos os esforços e terapia conjugal os problemas não conseguem ser resolvidos, no entanto não conseguimos deixar de acreditar que o futuro será melhor.
- Convencemo-nos de que a realidade não é assim tão má
Os seres humanos são criaturas de hábitos. Não gostamos de hipóteses desconhecidas e de realidade incertas. Mesmo que a nossa situação atual seja má, muitas vezes preferimos nada fazer pois ela é familiar. Isso oferece-nos um certo conforto, que nos obriga a tentar proteger a nossa infeliz realidade. Menosprezamos os aspetos mais negativos, desvalorizamos comportamentos negativos e abusivos. Acreditamos que nem tudo é assim tão mau, que apesar de certas atitudes é possível encontrar gratificação e alegria fora do nosso relacionamento, junto de amigos ou familiares.
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