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Colesterol: nem sempre são necessários medicamentos para o fazer baixar

Para a população geral, que não apresente elevado risco de doenças cardiovasculares, a alteração do estilo de vida é a primeira linha de tratamento contra o colesterol elevado. Os medicamentos, como as estatinas, só devem ser considerados se estas medidas não permitirem baixá-lo para os níveis pretendidos.

19 Novembro 2024
Forever Young com DECO

“Uma maçã por dia nem sabe o bem que lhe fazia” é a versão portuguesa de um ditado anglófono – An apple a day keeps the doctor away – que prescreve uma alimentação saudável como forma de evitar as doenças, começa por referir a DecoProteste. A partir de certo momento, esta dieta mais equilibrada foi substituída pela toma de estatinas, os medicamentos mais receitados para baixar o colesterol, enquanto medida de prevenção de doenças cardiovasculares. Uma estatina por dia… Mas os dados científicos indicam que, em doentes com baixo risco de desenvolverem estas patologias, os benefícios não são evidentes, continua a DecoProteste.

 

O que é o colesterol?

colesterol é uma molécula muito importante para o organismo, pois faz parte da estrutura da membrana celular e participa na produção de hormonas, ácidos biliares e vitamina D. Cerca de um terço do colesterol provém da alimentação, através do consumo de produtos como carnes gordas, ovos e laticínios. Os restantes dois terços são sintetizados no fígado e no intestino.

O colesterol é transportado do fígado para as células pelas lipoproteínas de baixa densidade (LDL), vulgarmente conhecidas por “mau” colesterol. Se os níveis de colesterol LDL forem elevados, este tende a acumular-se nas artérias, contribuindo para o seu estreitamento e originando aterosclerose. As lipoproteínas de alta densidade (HDL), ou “bom colesterol“, são responsáveis pelo transporte do colesterol das células até ao fígado, para ser processado e eliminado. O colesterol HDL está associado à proteção cardiovascular.

Quais os valores saudáveis de colesterol?

Os valores considerados normais variam com os autores e os países. Não existe um limite abaixo do qual se pode dizer, com certeza, que o risco de ter uma doença cardiovascular é nulo.

Em Portugal, tem-se como referência os valores de colesterol recomendados pela Sociedade Europeia de Cardiologia.

  • Colesterol total: menos de 190 miligramas por decilitro (mg/dl) de sangue.
  • Colesterol LDL: menos de 115 mg/dl.
  • Colesterol HDL: mais de 45 mg/dl, para mulheres, e mais de 40 mg/dl, para homens.

Mais uso de estatinas significa maior benefício?

As estatinas são um grupo de medicamentos com o mesmo mecanismo de ação, que estão indicados para o tratamento da hipercolesterolemia (colesterol elevado) e na prevenção das doenças cardiovasculares associadas a aterosclerose.

Nas últimas décadas, o número de indivíduos que tomam estes medicamentos cresceu significativamente em todo o mundo. Em Portugal, e segundo o Infarmed, a toma de antidislipidémicos, categoria de medicamentos que engloba as estatinas, mantém a tendência de crescimento desde o início do século XXI. Isto significará que há mais pessoas em risco de desenvolverem doenças cardiovasculares, devido, por exemplo, ao envelhecimento da população, ao tabagismo, à obesidade e ao sedentarismo? Ou o aumento resulta das reduções sistemáticas dos limites máximos para os níveis de colesterol ditos normais?

Não é possível negar a crescente tendência de medicalização, nem a existência de pessoas que tomam estatinas antes de tentarem baixar o colesterol através de mudanças no estilo de vida. E também parece haver um uso excessivo por pacientes com baixo risco de doenças cardiovasculares.

Um estudo publicado na revista científica British Medical Journal sugere que, na Europa, a redução da mortalidade por doenças cardiovasculares não foi proporcional ao aumento do uso de estatinas. Este incremento, segundo os autores, pode ter sido influenciado por múltiplos fatores, como o envelhecimento da população, orientações de associações profissionais, condições socioeconómicas e marketing farmacêutico.

As estatinas são eficazes na redução do nível de colesterol LDL, pelo que podem contribuir para uma menor ocorrência de eventos cardiovasculares, como o enfarte do miocárdio. Porém, a magnitude do benefício depende do risco: quem já sofreu de um problema terá mais ganhos, porque a probabilidade de voltar a tê-lo é maior. O mesmo se aplica, por exemplo, a pessoas com diabetes ou história familiar de colesterol alto.

5 hábitos saudáveis para baixar o colesterol

Em caso de baixo risco cardiovascular, antes de iniciar qualquer tratamento com medicamentos para baixar o colesterol, convém fazer algumas alterações no estilo de vida. Em muitos casos, estas são suficientes para reduzir os níveis.

  1. Importa adotar uma dieta variada, nutricionalmente equilibrada, rica em legumes, leguminosas, verduras e frutas e pobre em gorduras (totais e saturadas). Devem reinar os cereais integrais, os vegetais e as leguminosas, como lentilhas, feijões, favas, ervilhas, grão ou soja. Os laticínios devem ser magros. No peixe, a ordem é variar, independentemente da quantidade de gordura. Já no que toca à carne, convém dar primazia às aves, rejeitando a pele. Prefira alimentos grelhados ou cozidos, em água ou a vapor.
  2. A prática regular de atividade física é outro hábito a adquirir. A Direção-Geral da Saúde (DGS) aconselha 30 a 60 minutos, quatro a sete dias por semana.
  3. Deve controlar o peso e manter um índice massa corporal entre 18,5 e 25. O perímetro da cintura do homem deve ser inferior a 94 centímetros, e o da mulher, menor do que 80 centímetros.
  4. Recomenda-se ainda a diminuição do consumo de sal. A DGS aconselha a não ir além de 5,8 gramas por dia.
  5. O excesso de álcool e o consumo de tabaco são também de evitar. No máximo, ingira duas bebidas por dia e abstenha-se de fumar.

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