O Colossus, que se afirma como o maior supercomputador do mundo, encontra-se em Memphis, no estado norte-americano do Tennessee, num antigo complexo fabril da Electrolux que foi transformado numa central tecnológica de alta potência. A infraestrutura alimenta o chatbot Grok, também da xAI, e serve ainda outras empresas do império Musk, como a SpaceX.
Contudo, longe de ser celebrado como uma maravilha tecnológica, este supercomputador tornou-se o centro de uma polémica ambiental e social. O alarme foi dado pela NAACP (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor), uma histórica organização de defesa dos direitos civis, que acusa Musk de estar a “envenenar comunidades negras no Tennessee e no Mississippi apenas para lucrar mais”.
O principal foco da controvérsia reside na fonte de energia utilizada pela instalação: 35 turbinas a gás instaladas sem licenciamento, alegadamente para evitar o fornecimento da empresa elétrica local. Segundo a NAACP, estas turbinas “emitem produtos químicos tóxicos que causam cancro e outras doenças”, aumentando drasticamente os níveis de poluição do ar. Monitorizações realizadas nas imediações desde a entrada em funcionamento da instalação, em junho de 2024, apontam para “níveis prejudiciais de smog”.
A organização sublinha ainda que a localização escolhida — Boxtown, uma comunidade historicamente negra e com baixos rendimentos — não foi acidental, acusando Musk e a sua empresa de se aproveitarem da vulnerabilidade social para instalar projetos ambientalmente arriscados sem escrutínio adequado.
“As empresas tecnológicas e os bilionários que as detêm têm de ser responsabilizados. O avanço da inteligência artificial não pode ser feito à custa das comunidades da linha da frente”, afirmou a NAACP num comunicado contundente.
Justin Pearson, deputado estadual do Tennessee e também crítico do projeto, classificou a situação como “um falhanço grave e sistemático do sistema de regulação ambiental”, questionando como é possível operar “uma central a gás no meio de um bairro sem qualquer licenciamento”.
Pearson destacou ainda um padrão preocupante: “Se olharmos para onde estão a ser instalados estes centros de dados, são sempre em comunidades pobres.”
Este incidente levanta uma discussão mais ampla sobre o impacto ambiental dos data centers, estruturas que requerem quantidades enormes de energia — muitas vezes provenientes de fontes não renováveis — para alimentar as suas capacidades computacionais.
A falta de regulação e supervisão destes megaprojetos tecnológicos torna-se ainda mais preocupante à medida que a inteligência artificial se torna central à economia global. No caso do Colossus, a combinação de opacidade, alegado desrespeito pelas leis ambientais e instalação em zonas socioeconomicamente frágeis está a alimentar uma crescente indignação pública.










