Escolher os dez melhores é uma tarefa praticamente impossível, devido ao extenso portfólio da marca, repleto de automóveis belos, emblemáticos, que se tornaram verdadeiros objetos de desejo. O que podemos fazer, para celebrar estes 110 anos, é reunir 10 modelos findamentais, que constituíram marcos importantes na história da marca.
Tipo 26
Depois de anos dedicada à manutenção e preparação de carros de corrida, em 1926, a Officine Alfieri Maserati apresentou o seu primeiro carro de competição com o próprio logótipo do Tridente. O Maserati Tipo 26 estava equipado com um motor de oito cilindros em linha sobrealimentado, com 1493 cc de capacidade, por forma a cumprir os regulamentos dos Grandes Prémios da época. Com uma carroçaria em alumínio, pesava menos de 800 kg, e debitava 128 cv. A 25 de abril, com Alfieri Maserati ao volante, conquistou a vitória na sua classe na Targa Florio.
Ao longo dos anos, o Tipo 26 alcançou lugares no pódio e vitórias à classe em corridas de Grande Prémio, e, no início da década de 1930, o nome Maserati era já bem conhecido no desporto motorizado italiano.
A6
Sob a designação A6 (Alfieri, 6 cilindros), a Maserati criou uma série de espantosos automóveis desportivos de estrada, e de bem-sucedidos carros de corrida e monolugares, que garantiram a posição exclusiva que a marca ocupa até hoje no mundo do automobilismo.
O A6 1500 Gran Turismo, de 1947, foi o primeiro automóvel de estrada da Maserati. Pequenas séries de variações do A6 1500, e, mais tarde, do A6 G 2000, com carroçarias desenhadas por Pinin Farina, Zagato, Frua, Vignale ou Allemano, resultaram em alguns dos mais belos automóveis italianos da década de 1950. Até ao final da sua produção, em 1956, inúmeras versões Gran Turismo, de dois e quatro lugares, descapotáveis, e coupés e barchetta de competição, haviam sido criadas.
Além disso, o A6 evoluiu para a bem-sucedida variante A6GCM monolugar, que competiu nos recém-criados Campeonatos do Mundo de Fórmula 1 e Fórmula 2, reconquistando o amor dos entusiastas italianos pela Maserati, nascido antes da Segunda Guerra Mundial.
250F
Após os sucessos do Maserati A6GCM nas corridas de Grande Prémio dos Campeonatos do Mundos de Fórmula 1 e Fórmula 2, a Maserati apresentou um novo modelo, com motor de 2,5 litros, no Grande Prémio da Argentina de 1954: o Maserati 250F.
Com Juan Manuel Fangio ao volante, o 250F vendeu a sua corrida estreia, e voltou a triunfar na Bélgica, ajudando o piloto argentino a conquistar o seu segundo Campeonato do Mundo de Pilotos. O monolugar era animado por um motor de seis cilindros em linha de 2,5 litros, capaz de debitar quase 300 cv. Rapidamente ganhou fama no campeonato e no mundo das corridas, pilotado por lendas como Fangio e Moss.
O 250F obteve doze vitórias na Fórmula 1, cinco das quais em 1957, e permitiu a Fangio ganhar o seu quinto Campeonato do Mundo de Pilotos, cimentando a reputação do 250F como um monolugar lendário. O 250F continuou sob a égide de equipas privadas, até à mudança dos regulamentos, em 1961.
3500 GT
A Maserati elevou a fasquia com o modelo de estrada sucessor do A6. Em 1957, apresentou o Maserati 3500 GT, sem dúvida um dos modelos seminais da história da marca, e um marco entre os automóveis italianos do tipo gran turismo.
Após vários projectos e protótipos, foi escolhida a bela e elegante silhueta apresentada pela Carrozzeria Touring, construída com a técnica Superleggera de chassis tubular e carroçaria em alumínio. O motor era um 6 cilindros em linha de 3,5 litros e 220 cv, derivado do utilizado no Maserati 350S de endurance.
O 3500 GT fascinou as estrelas de cinema e o jet set da época, ajudando a forjar o legado da Maserati enquanto marca de grandes automóveis desportivos. Em 1959, foi lançada uma versão descapotável concebida por Vignale, e, em 1960, o 3500 GT tornou-se o primeiro automóvel de produção italiano a contar com injeção eletrónica de combustível, na sua versão 3500 GTI.
Quattroporte
Em 1963, a Maserati foi pioneira num novo segmento, fundindo a sua experiência em automóveis desportivos com a carroçaria de um automóvel de luxo de quatro portas. O conceito era tão inovador para uma marca ligada às corridas e aos coupés, que a opção recaiu num nome descritivo e direto: Maserati Quattroporte. Assim, não restavam dúvidas de que se tratava de um Maserati, apesar de ter quatro portas.
O Quattroporte tornou-se outro modelo essencial para a marca, e é o automobel que está em produção há mais tempo, chegando aos dias de hoje através de seis gerações.
As versões memoráveis incluem o Quattroporte Royale, dos anos de 1980, a desportiva e bem -ucedida geração do início dos anos 2000, e a sexta geração, que encarna o epítome da condução há mais de uma década. Este modelo combina um interior espaçoso, confortável e exclusivo com um desempenho e um comportamento emocionantes.
Ghibli
Em 1966, a Maserati voltou a revolucionar o mundo automóvel ao revelar um novo automóvel desportivo no Salão Automóvel de Turim, o Maserati Ghibli, que ficaria para a história como um dos mais belos automóveis alguma vez produzidos. As linhas longas e afiladas, desenhadas por Giorgetto Giugiaro, incluíam faróis retrácteis, uma traseira do tipo fastback, e jantes em magnésio de série. Sob o longo capot encontrava-se um motor V8 de 4,7 litros, com lubrificação por cárter seco, capaz de debitar 330 cv.
Em 1969, surgiu a versão Ghibli SS, com a capacidade do motor aumentada para 4,9 litros, e a potência a subir para 335 cv, assim como a variante descapotável Ghibli Spyder. A produção total atingiu 780 unidades na versão Coupé, 424 no Coupé SS 4.9, 82 no Spyder 4.7, e 46 do Spyder SS 4.9, que são hoje peças cobiçadas em coleções exclusivas.
O nome Ghibli é tão importante para a história da Maserati que foi reavivado nos anos de 1990, através de um modelo baseado no coupé da família Biturbo V6. Este modelo combinava luxo e performance, e até teve a sua própria competição monomarca, a Ghibli Open Cup.
Na sua terceira geração, introduzida em 2013, o Ghibli trouxe o conceito de design belo e elegante para o segmento das berlinas desportivas, oferecendo um modelo emblemático, com um interior exclusivo e elevado desempenho. As variantes incluíam motores V6 Biturbo, V8 Biturbo e turbodiesel de alta performance.
3200 GT
Um modelo chave na história da Maserati foi o 3200 GT, introduzido em 1998. Este automóvel marcou o início de uma nova era, modernizando a oferta da marca no final da década de 1990. e revitalizando o interesse nos grand tourer da casa do Tridente.
O design inovador do 3200 GT apresentava linhas curvas, proporções perfeitas de coupé, e pormenores únicos que marcaram uma época. Foi o primeiro automóvel de produção a ser equipado com luzes traseiras por LED em forma de boomerang, um design emblemático e à frente do seu tempo.
Animado por um motor V8 Biturbo de 3,2 litros com 370 cv, o 3200 GT era capaz de cumprir os 0-100 km/h em 5,4 segundos na versão manual, e em 5,8 segundos na versão automática.
A primeira série do 3200 GT esteve em produção até 2002, altura em que foi introduzida a sua evolução, rebatizada como Maserati Coupé. Este modelo, juntamente com a sua variante descapotável Spyder, viu a cilindrada do motor ser aumentada para 4,2 litros, e oferecia, inicialmente, 390 cv, atingindo os 400 cv nas versões GrandSport. Também estreou o sistema de caixa de velocidades robotizada Cambiocorsa.
No total, foram produzidas mais de 13 500 unidades, entre as versões Coupé e Spyder, consolidando a posição da Maserati no segmento dos automóveis desportivos modernos.
MC12
No início dos anos 2000, a Maserati decidiu retomar a sua participação oficial em competições de alto nível. A resistência foi a categoria escolhida, devido à sua ligação histórica com a marca, e um novo supercarro foi concebido para este fim. O MC12 estreou-se em 2004, como carro de competição na categoria FIA GT1. Em 2005, a equipa Vitaphone Racing venceu o campeonato FIA GT1, repetindo o feito todos os anos até 2009. A sua esmagadora superioridade na classe, e os sucessos nos campeonatos de GT italianos e norte-americanos, cimentaram o MC12 Versione Corse enquanto um ícone das corridas.
Para homologar o modelo de competição, a Maserati produziu uma versão de estrada. O MC12 de estrada partilhava a silhueta aerodinâmica do carro de corridas, mas apresentava um tejadilho amovível, para um toque exótico. O motor V12 de 6,0 litros debitava 630 cv, permitindo-lhe atingir os 330 km/h (205 mph). O design radical, com linhas alongadas, sem janela traseira, e com um interior focado na performance, captou as atenções a nível mundial.
Foram produzidas duas séries para estrada: uma primeira série de 25 unidades, em 2004; e uma segunda série, em 2005, também de 25 unidades, para acomodar as alterações operadas nos regulamentos da FIA. Relativamente ao Maserati MC12 Versione Corse, foi produzido num total de 13 unidades. Atualmente, o MC12 é reconhecido como um dos automóveis mais importantes da história da Maserati.
GranTurismo
Em 2007, a Maserati apresentou o Maserati GranTurismo no Salão Automóvel de Genebra. Este modelo combinava alta performance com conforto, oferecendo um design clássico de coupé de duas portas e quatro lugares com linhas elegantes, detalhes cromados, e uma presença tão elegante quanto poderosa na estrada.
O GranTurismo estreou-se com um motor V8 de 4,2 litros e 405 cv, naturalmente aspirado, associado a uma transmissão automática. Foi produzido durante 12 anos, e, para além da versão GranCabrio, lançada em 2009, foram desenvolvidas várias variantes com novas características, tais como um aumento da cilindrada do motor para 4,7 litros, e da potência para 460 cv. Algumas versões incluíam uma caixa de velocidades robotizada, com a embraiagem no eixo traseiro.
Em 2022, a Maserati anunciou a segunda geração do GranTurismo, que entrou em produção em 2023. Este novo modelo melhorou em todos os aspetos em termos de design, conforto, tecnologia e performance.
O Maserati GranTurismo de 2023 está disponível em versões a gasolina com tração integral, e com o motor Nettuno V6 Biturbo de 3,0 litros, que debita 490 cv na versão Modena, e 550 cv na Trofeo. Com os olhos postos no futuro, a marca do Tridente atingiu o auge da inovação com o desenvolvimento de uma versão 100% elétrica do modelo, que se tornou o primeiro grand tourer elétrico da Maserati. Graças aos seus três motores, um à frente e dois atrás, o GranTurismo Folgore garante uma desportividade digna de um modelo da Maserati, com uma potência total de 761 cv.
Para celebrar o 110º aniversário da marca, a Maserati lançou uma série especial do GranTurismo, limitada ao mesmo número de unidades que a idade da casa do Tridente, tornando-se na derradeira ponte entre o passado, o presente e o futuro da marca. Esta série está disponível em duas configurações de 55 unidades cada: a primeira na cor Rame Folgore e a segunda na exclusiva Blu Inchostro, ambas com detalhes específicos, jantes exclusivas com detalhes em preto e cobre, e os caraterísticos bancos Econyl em ganga ou preto, com costuras em cobre ou azul.
Grecale
Em 2016, a Maserati entrou no competitivo mercado dos SUV premium com o Maserati Levante, que lançou as bases para a expansão da marca neste segmento. O Maserati Grecale foi lançado em 2022, enquanto SUV de luxo que combina versatilidade, elegância, performance e inovação.
O Maserati Grecale está disponível na versão GT, equipada com um motor micro-híbrido de quatro cilindros, capaz de desenvolver 300 cv; na variante Modena, que monta um motor micro-híbrido de quatro cilindros e 330 cv; e na variante Trofeo, a mais orientada da família para a performance, equipada com um motor V6 de 530 cv. O Maserati Grecale Folgore é a mais recente adição à gama, uma versão totalmente elétrica, com uma potência de 410 kW, e a capacidade de cumprir os 0-100 km/h em apenas 4,1 segundos.