A iniciativa é da Associação Portuguesa do Cão da Serra da Estrela que “quer fazer tudo para divulgar, promover e preservar uma das grandes raças autóctones portuguesas”.
“Achamos que, para além de ser um património muito valioso entre as nossas raças autóctones, merece o nosso esforço em criar um evento que possa dignificar o cão e também as pessoas. A parte social que o cão teve ao longo destes milhares de anos, mas principalmente desde os últimos três séculos, merece essa dignificação”, disse à agência Lusa o presidente da Associação, Paulo Peralta da Costa.
“Iremos estar na rua com os animais. Cada um que venha à rua traga o seu cão e envie fotos que vão ser publicadas numa página do Facebook. Vamos divulgar ao máximo para que a raça seja reconhecida por aquilo que ela é, como raça de trabalho de excelência, e nos dias de hoje mais do que isso”, sustentou Paulo Peralta da Costa.
Para o presidente da Associação, o cão da Serra da Estrela é “provavelmente o melhor do cão do mundo”, sendo “muito cuidadoso em família e com um temperamento fantástico, para além da beleza própria, quer seja na variedade de pelo comprido, quer seja na rusticidade da variedade de pelo curto”.
O dirigente realçou que se trata de uma raça milenar que sempre foi usada para a proteção dos rebanhos e das propriedades e que perdeu muito desta dinâmica devido ao despovoamento do interior.
“Felizmente ainda existem uns quantos carolas que se dedicam à função do cão. Hoje, o cão da Serra da Estrela está disseminado um bocadinho por todo o mundo”, assinalou Paulo Peralta da Costa.
A associação considera que o Dia Mundial do Cão da Serra da Estrela será também uma forma de valorizar todos aqueles que ainda têm a carolice de trabalhar na pastorícia, manter um bocadinho de vida no interior e que tem o cão para sua proteção.
Uma das raças mais antigas da Península Ibérica, o Cão da Serra da Estrela tem constituído ao longo dos séculos uma ajuda preciosa para os pastores desta cadeia montanhosa.
Desde épocas remotas, este cão fixou-se na região da Serra da Estrela, perdendo-se no tempo a sua verdadeira origem. Deve ser, no entanto, uma das raças caninas mais antigas da Península Ibérica.
Encontra-se desde as faldas da Serra até às mais elevadas altitudes (2000 metros aproximadamente), sobretudo no Verão, quando, desaparecida a neve, as pastagens vicejam nas altas planuras, sendo procuradas pelos gados, visto, nas regiões do sopé, o calor excessivo ter dessecado toda a pastagem. Devido ao progressivo reconhecimento das suas aptidões, este cão tem sido difundido por todo o mundo, a partir da segunda metade do século XX.
Inseparável companheiro do pastor e guarda fiel do rebanho, defende-o contra os predadores e ladrões de gado. Magnífico guarda de quintas e da casa, desconfiado perante os estranhos e tipicamente dócil com o seu dono.