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Em memória de Adília Lopes: a poesia que desafia e acolhe

Em memória de Adília Lopes, a Forever Young convida todos a ler DOBRA, uma coletânea que reúne toda a obra poética publicada da autora, pela Assírio & Alvim, de 1983 a maio de 2023.

6 Fevereiro 2025
Forever Young

Adília Lopes é uma das poetisas mais reconhecidas da literatura portuguesa contemporânea, conhecida pela sua linguagem simples, mas profundamente emotiva e intensa. A sua obra é cheia de ironia, humor, e reflexões existenciais, e muitos consideram-na uma das maiores vozes da poesia portuguesa do século XXI.

Por Sónia Almeida

A perda de Adília Lopes, no passado dia 30 de dezembro de 2024 é, sem dúvida, um grande lamento para a poesia portuguesa e para todos que se sentiram tocados pela sua escrita única e profunda. Não podemos deixar que a sua partida nos faça esquecer o que ela nos deu: um olhar atento ao que é verdadeiro, ao que é simples, e ao que é profundamente essencial em cada um de nós.

Adília foi uma poetisa cujas palavras atravessaram as barreiras do simples ato de escrever e se transformaram num reflexo da vida quotidiana, das suas incertezas e inseguranças e da sua complexidade. Ela foi uma verdadeira mestre em captar o mundano e transformá-lo em poesia, tratando de temas como o amor, a solidão, o desejo, a liberdade e a identidade com uma honestidade brutal e, ao mesmo tempo, com uma leveza surpreendente.

Adília não se contentava com o óbvio. Ela questionava tudo e todos, desafiando normas e convenções. Ela não era só uma poetisa, mas uma voz rebelde e livre, que falava de igual para igual com o leitor, sem esconder a sua visão do mundo cheia de contrastes e contradições.

Hoje, a poesia de Adília Lopes vive em cada linha que escreveu, em cada verso que nos deixou. A sua voz, que desafiava e acolhia, continua a ressoar em todos os que se entregam às suas palavras. A melhor homenagem à sua memória é continuar a ler o que escreveu e tornar as suas palavras parte da nossa vida.

Excerto do poema do livro Estar em casa (2018):

“Só gosto das pessoas boas

Quero lá saber que sejam inteligentes artistas sexy

Sei lá o quê

Se não são boas pessoas

Não prestam”

Este poema é uma das declarações mais fortes de Adília Lopes sobre os valores humanos. Reflete uma visão simples, mas profunda, de que a bondade e a sinceridade são os pilares essenciais para se relacionar com o outro independentemente de outras qualidades como inteligência ou aparência. Adília tem esta forma de abordar temas profundos de maneira direta e sem rodeios, o que torna a sua poesia ainda mais poderosa e autêntica.

A poesia de Adília muitas vezes critica o superficial e o material, destacando que o que realmente importa é o caráter e a humanidade das pessoas.

“A minha gata Lu

Era mansa meiga bondosa macia

Minha filha e minha mãe”

“A minha gata Lu morreu

Está sempre viva

Mas agora não lhe posso

Dar festinhas”

é um dos poemas mais emblemáticos de Adília Lopes, e é encantador. Nele, a autora fala da sua gata com uma ternura e sinceridade que se tornam universais. O poema vai além de uma simples descrição de um animal de estimação, trazendo à tona sentimentos de afeto, companheirismo e até de reflexões sobre a liberdade e o amor.

Esta obra reflete o vasto e profundo universo poético de Adília, revelando a sua sensibilidade e coragem para abordar temas universais. Ao revisitar a sua poesia, encontramos uma voz de resistência, sinceridade e autenticidade.

É uma verdadeira homenagem à sua trajetória, oferecendo uma visão do seu olhar atento sobre o mundo. Ao ler DOBRA, somos convidados a explorar as múltiplas camadas da vida, conectando-nos com a simplicidade e a beleza do que é genuíno. DOBRA de Adília Lopes da Assírio & Alvim

*Assírio & Alvim é uma chancela da Porto Editora

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