Apesar de existirem vários fatores agravantes para a queda de cabelo, como o stress, a predisposição genética, a alimentação, a utilização de medicamentos para problemas cardíacos ou depressão ou a exposição a ambientes poluídos, sabe-se também que o cabelo pode mostrar uma tendência fisiológica para variações sazonais. A queda sazonal de cabelo é aquela que ocorre com a mudança de estações, é geralmente temporária, transitória e com a duração de algumas semanas. É comum perder, nestes períodos, mais de 100 fios de cabelo por dia – valor que define uma queda de cabelo acima do normal.
A primavera é o segundo maior período de queda de cabelo sazonal. De facto, à medida que os dias ficam mais longos, produz-se um conjunto de alterações hormonais relacionadas com a alteração da luz solar que podem influenciar a qualidade do seu cabelo. Nesta época convém ter dar uma atenção redobrada com à dieta. Alguns suplementos impulsionadores da imunidade ricos em aminoácidos, à base da proteína da queratina, devidamente prescritos pelo seu médico de família ou dermatologista, podem ajudar, como refere em entrevista à Forever Young Sara Cardoso, tricologista da Malliá Clinic.
Que fatores sazonais podem influenciar a queda de cabelo?
A queda de cabelo sazonal é mais comum durante o outono e, em menor escala, na primavera. Estes períodos coincidem com mudanças na luminosidade e temperatura, o que pode influenciar o ciclo natural do cabelo. Fatores como menor exposição solar, variações hormonais sazonais, aumento do stress e até mudanças na alimentação podem contribuir para o aumento da queda.
Quais são os sinais de que a queda de cabelo é sazonal e não um problema crónico?
A principal diferença é que a queda sazonal é temporária, geralmente dura entre 4 a 12 semanas, e o cabelo volta a crescer naturalmente. Os sinais incluem queda difusa (por toda a cabeça), ausência de afinamento progressivo e sem áreas específicas de calvície. Também tende a ocorrer no mesmo período todos os anos. Uma queda continua, que ultrapasse as 12 semanas já requer uma avaliação diferente. Aconselho a que nestes casos seja agendada uma consulta com um especialista.
Quais as diferenças entre queda de cabelo temporária (sazonal) e condições mais permanentes, como alopecia androgenética?
Na queda sazonal, os folículos continuam ativos e a densidade capilar é restaurada com o tempo. Já na alopecia androgenética, há um afinamento progressivo dos fios e miniaturização dos folículos, com perda mais localizada — geralmente na zona frontal e coroa nos homens, e na risca central nas mulheres. Essa condição é genética e muitas vezes só pode ser tratada/melhorada com transplante capilar e/ou tratamentos específicos como o PRP, a Mesoterapia ou os Exossomas.
Que testes se podem fazer para entender melhor a causa?
São vários os testes disponíveis, podendo destacar desde já a tricoscopia (exame do couro cabeludo com tricoscópio digital), os exames de sangue para avaliar níveis de ferro, vitamina D, zinco, hormonas da tiroide e andrógenos, e o teste de tração capilar, que avalia a fragilidade e quantidade de fios em fase de queda.
Como a mudança de estação pode afetar o cabelo?
A transição entre estações pode afetar o ciclo capilar, especialmente pela alteração na exposição à luz solar, o que influencia a produção de melatonina e, indiretamente, outras hormonas. Estas alterações hormonais vão potenciar a queda de cabelo. O frio pode ressecar o couro cabeludo, enquanto o calor e a humidade favorecem oleosidade, ambos fatores que podem afetar a saúde capilar.
Há suplementos que podem ajudar a reduzir a queda?
Sim. Suplementos com biotina, zinco, ferro, vitamina D, vitaminas do complexo B e colagénio podem ajudar, especialmente se houver défice nutricional. No entanto, é importante fazer exames antes e consultar um profissional de saúde, pois o excesso de certos nutrientes também pode ser prejudicial.
O que se pode fazer para minimizar a queda de cabelo durante os períodos de transição sazonal?
São muitos e variados os cuidados que se podem ter com o cabelo, desde usar produtos suaves e adequados ao tipo de cabelo, evitar lavagens com água muito quente, não prender o cabelo com força, fazer uma alimentação equilibrada, reduzir o stress com técnicas como meditação, sono regular e exercício físico, tomar suplementos vitamínicos, fazer mesoterapia, exossomas, entre outros.
Existem hábitos alimentares que podem ajudar a prevenir a situação?
Sim. Uma dieta rica em proteínas magras, vegetais verdes, frutos secos, ovos, peixes ricos em ómega-3 e leguminosas fornece os nutrientes essenciais para manter o cabelo saudável. Evitar dietas restritivas também é importante, pois podem desencadear queda de cabelo.
Quais são os sinais de que a queda de cabelo sazonal pode estar a tornar-se um problema permanente?
São cinco os principais sinais a que deve ter atenção no que diz respeito a este tema. Desde logo perceber se a queda dura mais de 3-4 meses, se há uma redução visível na densidade capilar, perceber se está a ocorrer o afinamento progressivo dos fios, observar as áreas específicas de calvície ou rarefação, e a analisar a presença de historial familiar de calvície.
Devo-me preocupar com a queda de cabelo sazonal em termos de saúde geral?
Na maioria dos casos, não é motivo de alarme. No entanto, se a queda for muito acentuada, persistente ou associada a outros sintomas (fadiga, alterações menstruais, problemas na pele ou nas unhas), pode indicar um desequilíbrio interno, como défice nutricional ou problema hormonal, e deve ser avaliada.
Quais são as opções de tratamento disponíveis se a queda persistir?
Uma vez analisado a problema são várias a soluções à disposição do paciente, as quais passam pela aplicação de minoxidil tópico ou oral (estimula o crescimento capilar), à suplementação orientada por exames, à aplicação de Plasma Rico em Plaquetas (PRP), Mesoterapia ou Exossomas, toma de medicamentos hormonais (em casos específicos), e por fim, transplante capilar, se houver indicação médica.
O que são as terapias com luz?
São tratamentos que utilizam laser de baixa intensidade (LLLT) ou LEDs específicos para estimular os folículos capilares, aumentar a circulação sanguínea e prolongar a fase de crescimento do cabelo. São não invasivos e bastante utilizados como complemento de outros tratamentos.
Que conselhos deixaria para evitar ao máximo as consequências desta situação?
Há vários aspetos a que se deve tomar atenção. Desde logo prestar atenção ao seu cabelo nos períodos de transição (primavera/outono), alimentar-se de forma equilibrada, reduzir o stress sempre que possível, usar produtos capilares adequados ao seu tipo de cabelo e couro cabeludo, , especialmente, não ignorar os sinais persistentes, uma vez que quanto mais cedo for feito o diagnóstico, melhores os resultados obtidos.