Apesar de em Portugal existirem vários medicamentos autorizados para a perda de peso, cada vez mais pessoas procuram soluções como o Ozempic para emagrecer. Estes medicamentos sujeitos a receita médica e injetáveis, aprovados para tratar pessoas com diabetes tipo 2 e popularizados por celebridades, também têm efeito na redução do apetite e, consequentemente, podem diminuir o peso corporal, refere DecoProteste.
No entanto, estão indicados exclusivamente para o tratamento da diabetes tipo 2 e não devem ser prescritos para o emagrecimento. A procura excessiva tem contribuído para a escassez destes medicamentos, casos de falsificação e dificuldades no acesso por parte dos doentes com diabetes. O Infarmed tem emitido várias recomendações, como a de prescrição exclusiva para pessoas com diabetes tipo 2 insuficientemente controlada e obesidade.
O excesso de peso e a obesidade são definidos com base no IMC (índice de massa corporal), uma fórmula que relaciona o peso com a altura. O excesso de peso corresponde a um IMC igual ou superior a 25 e inferior a 30, e é uma condição que aumenta o risco de problemas de saúde. A obesidade corresponde a um IMC igual ou superior a 30.
Saiba que medicamentos estão ou não autorizados em Portugal para perder peso e conheça a sua eficácia.
Quem tem indicação para utilizar medicamentos para perda de peso?
Tratar o excesso de peso através de medicamentos deve ser uma decisão analisada caso a caso e deve ser considerada apenas quando não se consegue a perda de peso desejável com mudanças no estilo de vida. Deve ser feita uma avaliação cuidadosa dos potenciais benefícios e riscos das várias opções de tratamento (como alterações no estilo de vida, medicamentos ou cirurgia). É imprescindível que os medicamentos sejam utilizados em conjunto com uma dieta saudável e de restrição calórica, aumento da atividade física e modificação comportamental. A medicação, sem estas mudanças, é normalmente ineficaz.
Obesidade, excesso de peso e doenças associadas
Os medicamentos para perda de peso estão indicados apenas para pessoas que têm obesidade (índice de massa corporal igual ou superior a 30) ou excesso de peso (índice de massa corporal igual ou superior a 27) associado a doenças como hipertensão, dislipidemia, doença cardiovascular, apneia obstrutiva do sono, pré-diabetes ou diabetes tipo 2.
Tanto nos casos de obesidade, como nos de excesso de peso, estes medicamentos só devem ser considerados para quem já tentou alterar o seu estilo de vida de uma forma abrangente durante três a seis meses sem conseguir uma perda de peso significativa (pelo menos 5% do peso inicial).
Medicamentos para a diabetes, com efeitos na perda de peso
Existem medicamentos injetáveis e em compridos desenvolvidos para o tratamento da diabetes tipo 2 que também têm efeito na perda de peso. Embora sejam indicados apenas para doentes com diabetes, a sua associação ao emagrecimento tem gerado um enorme interesse. É o caso do Ozempic, solução injetável disponível numa caneta pré-cheia, e do Rybelsus (disponível em comprimidos).
O Ozempic e o Rybelsus contêm semaglutido, uma substância que imita o GLP-1, uma hormona natural do corpo que regula o controlar o apetite e a glicose no sangue. O semaglutido reduz a glicemia. O modo como o faz provoca um ligeiro atraso no esvaziamento gástrico e aumenta a saciedade. O semaglutido funciona de forma semelhante ao liraglutido, a substância ativa do Saxenda (um medicamento autorizado em Portugal especificamente para o emagrecimento) e à tirzepatida, substância ativa do Mounjaro (aprovado no tratamento da diabetes tipo 2 e para a perda de peso).
Tanto o Ozempic como o Rybelsus apenas estão indicados no tratamento de adultos com diabetes tipo 2 insuficientemente controlada. Nestes casos, o medicamento é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) para o tratamento de adultos com diabetes mellitus tipo 2 insuficientemente controlada, com IMC igual ou superior a 35, como complemento à dieta e ao exercício. O Ozempic, bem como o Rybelsus, o Trulicity e o Victoza não podem ser vendidos sem receita médica e não devem ser prescritos nem utilizados para o controlo do peso em doentes sem diabetes.
O Wegovy é também um injetável que tem como substância ativa o semaglutido. Este medicamento é especificamente indicado para a perda de peso em pessoas com obesidade ou excesso de peso, como complemento a uma dieta hipocalórica e a exercício físico. No entanto, este medicamento não é comercializado em Portugal.
Que medicamentos para perder peso são comercializados em Portugal?
Em Portugal, apenas estão autorizadas e comercializadas quatro substâncias ativas com indicação para a perda de peso em pessoas com excesso de peso ou obesidade. Cada uma atua de forma diferente no corpo:
- orlistato – reduz a absorção de gordura no intestino;
- bupropiom com naltrexona – atuam no cérebro para reduzir a fome;
- liraglutido – imita a hormona GLP-1, que regula o apetite e os níveis de glicose no sangue;
- tirzepatida – imita o efeito do GLP-1, que aumenta a secreção de insulina e retarda o esvaziamento gástrico, o que, por sua vez, gera sensação de saciedade. Além disso, imita também o funcionamento da hormona GIP, que também estimula a produção de insulina.
Clique abaixo para descobrir as características, as indicações e as precauções de cada medicamento.
Qual o custo destes medicamentos?
Nenhum dos medicamentos para perda de peso disponíveis em Portugal é comparticipado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). Os preços variam bastante conforme o medicamento. Para os medicamentos sujeitos a receita médica, os custos oscilam entre 58 e 245 euros por mês de tratamento.
As injeções e os comprimidos para emagrecer são eficazes?
Embora as injeções e os comprimidos para emagrecer possam ser úteis, é fundamental lembrar que:
- estes medicamentos só funcionam quando combinados com mudanças no estilo de vida, nomeadamente a adoção de uma dieta saudável e de restrição calórica, e o aumento de atividade física. Sem estas mudanças comportamentais, a medicação é geralmente ineficaz;
- a resposta de cada um ao tratamento pode variar muito. Nem todos os medicamentos funcionam em todas as pessoas;
- as metas de redução de peso devem ser realistas. Uma perda de 5% a 10% do peso inicial é considerada uma resposta muito boa, e perdas superiores a 10% são consideradas excelentes;
- a perda de peso atinge uma estabilização após o efeito terapêutico máximo, o que pode exigir estratégias adicionais para continuar a redução de peso;
- quando o tratamento farmacológico é interrompido, é expetável haver recuperação do peso perdido.
Medicamentos ajudam, mas mudanças no estilo de vida são essenciais
A obesidade é uma doença crónica que precisa de uma abordagem multidisciplinar, requer um tratamento de longo prazo e estratégias eficazes para a manutenção do peso. Para perder peso, o primeiro passo é adotar um estilo de vida saudável: alimentação equilibrada, menos calorias e atividade física regular.
Em caso de obesidade, perder apenas 5% do peso já traz grandes benefícios, como reduzir a pressão arterial, controlar a diabetes e aliviar dores nas articulações.
Quando estas mudanças não são suficientes, os medicamentos podem ser uma ajuda útil, sobretudo para quem tem outras condições de saúde que dificultam o emagrecimento. Contudo, para o sucesso do tratamento, é essencial ter acompanhamento médico e manter um estilo de vida saudável.