Macau é uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China (a outra é Hong-Kong) desde 20 de dezembro de 1999, dia em que terminou a administração portuguesa daquela região. Para trás ficaram mais de 400 anos de história partilhada entre Portugal e Macau, bem como um legado histórico de abertura ao Mundo e a diferentes culturas, o que motiva a atração e o interesse dos portugueses.
Macau é um daqueles destinos turísticos a que se vai uma vez, frequentemente numa fase mais avançada da vida, porque é suficientemente distante para justificar uma estadia de uma semana ou mais, e também porque se trata de uma viagem dispendiosa. Mas é, de facto, um destino de sonho para muitos. Em 2016, a região recebeu perto de 31 milhões de visitantes, 15.624 oriundos de Portugal, segundo dados da Turismo de Macau.
Duas das razões que suscitam este interesse é a proximidade linguística e a herança cultural da administração portuguesa. Macau tem duas línguas oficiais – o chinês (mandarim e cantonês) e o português -, o que faz com que existam muitos letreiros, indicações e até jornais e revistas bilingues. É fácil para um português fazer-se entender, principalmente entre as faixas etárias mais velhas, que falam fluentemente português.
Estatuto especial
O território de Macau foi colonizado pelos navegadores portugueses em meados do século XVI. Além de levar prosperidade àquela região, os portugueses transformaram Macau um importante entreposto comercial entre a China, a Europa e o Japão. No final do século XVI e princípio do século XVII, Macau atingiu o auge da prosperidade, mas foi preciso esperar até 1887 para a China reconhecer oficialmente a soberania e a ocupação portuguesa, através do Tratado de Amizade e Comércio Sino-Português. Mesmo assim, o documento teve sempre duas interpretações: para os portugueses, a soberania sobre Macau era reconhecida no tratado; no entanto, para os chineses, só os direitos administrativos eram transferidos.
Um século depois, em 1987, Portugal e Macau retomaram a mesa das conversações para agendar o regresso da região à administração chinesa. A data de transferência de soberania ficou agendada na Declaração Sino-Portuguesa Sobre a Questão de Macau para 20 de dezembro de 1999. Desde então Macau tornou-se uma região administrativa especial chinesa, sob o princípio “um país, dois sistemas”, segundo o qual, após a reunificação da China continental, Hong Kong e Macau podem praticar o capitalismo com um elevado grau de autonomia por um período de 50 anos, ou seja, até 2049. Este estatuto de autonomia exclui, no entanto, questões relativas às relações exteriores e à defesa do território.
Religião
Por ser um ponto de intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente, Macau caracteriza-se por uma grande diversidade de religiões como o Budismo, o Confucionismo, o Taboísmo, o Protestantismo e o Cristianismo, que coexistem de forma pacífica. A esmagadora maioria da população é budista, embora a religião seja olhada de uma forma muito conceptual, o que faz com que sejam incorporados no budismo elementos de outras crenças, da mitologia chinesa e de práticas tradicionais. Este conjunto heterogéneo é vulgarmente chamado de religiões populares chinesas.
Um dos pontos de contacto de Macau com o Ocidente é precisamente a religião. Existe uma comunidade bastante alargada de cristãos na região, sendo a maioria católica. Existe inclusivamente uma Diocese de Macau, que define a estrutura e a hierarquia dos membros do clero, sendo diretamente dependente da Santa Sé.
Segurança
Se vai de férias para Macau, pode estar relativamente descansado quanto à sua segurança. Durante várias décadas, a criminalidade violenta representou uma séria ameaça ao turismo porque a cidade não tinha capacidade para lidar com os grupos de crime organizado, designados localmente como Tríades. Estes grupos são evoluções de organizações político-revolucionárias existentes desde a Dinastia Qing (1644-1912), mas têm vindo a perder a sua identidade. Dedicam-se essencialmente a esquemas de extorsão, como comissões para não prejudicarem a atividade dos casinos, empréstimos a viciados em jogo, proteção forçada a comerciantes, tráfico de droga e lavagem de dinheiro.
Nos anos 90 registaram-se vários assassinatos resultantes de ajustes de contas entre tríades, mas após a transferência da soberania para a China, o novo Governo da Região Administrativa Especial de Macau tem vindo a combater com êxito o crime organizado. Não será alheia a isso a presença no território de uma guarnição do Exército de Libertação Popular, que permitiu baixar a criminalidade violenta em 70% de 1999 para 2000, e em 45% na transição para 2001.
Apesar de continuarem em atividade muitas tríades, e de ser inegável a sua influência na sociedade, Macau é hoje muito mais seguro e os turistas podem movimentar-se em relativa segurança.
Turismo
Macau tem uma economia fortemente dependente do setor terciário, nomeadamente do turismo e dos jogos de sorte e azar. Os dois estão interligados, e a esmagadora maioria dos hotéis tem casinos onde são movimentados muitos milhares de euros, todos os dias. O setor dos jogos de sorte e azar é tão importante que a Universidade de Macau tem uma grande oferta de cursos superiores dedicados especificamente a este mercado, que emprega milhares de pessoas.
Para que se tenha uma ideia da importância deste setor, as previsões para 2018 apontam para 24,4 mil milhões de euros, o que representaria um aumento de 15% face ao ano passado. Tendo em conta que o imposto direto sobre as receitas de jogo é de 35%, o Governo de Macau conta arrecadar 8,5 mil milhões de euros este ano, só neste setor, que não inclui todas as outras infraestruturas turísticas não relacionadas com jogo.