Muito antes de ser escrito o primeiro plano de marketing turístico sobre a Jamaica, já Cristóvão Colombo, na sua viagem inaugural, tinha ficado embevecido pela beleza natural desta ilha isolada no mar do Caribe. Teriam de passar séculos até que a loucura dos anos 70 e a música de Bob Marley deixassem uma profunda marca de cultura reggae nesta maravilha natural caribenha, mas os atributos naturais foram desde sempre reconhecidos, o que faz com que o potencial turístico da Jamaica seja explorado pelo menos desde 1891.
A imagem que nos vem de imediato à cabeça, quando pensamos nesta ilha, é a de um imenso areal de uma praia virgem, onde podemos tomar banho no mar caribenho e, mais tarde, deliciar-nos com um cocktail tropical ao som de “Don’t Worry, Be Happy”. E não é uma imagem que fique longe da verdade. De facto, a Jamaica é conhecida pelo seu património natural único e de grande beleza, além das suas gentes hospitaleiras com uma forma muito peculiar de ver a vida.
Um pouco de História Cristóvão Colombo chegou à Jamaica pela primeira vez a 4 de maio de 1494, na sua segunda viagem ao novo mundo. O explorador desembarcou em Discovery Bay, na costa norte, perto do local onde é hoje a cidade turística de Ocho Rios. Pouco tempo depois, em 1503, de regresso à ilha, teve de lá passar um ano inteiro à espera de ajuda, depois dos seus navios serem danificados por vermes. Foi a maior temporada que Cristóvão Colombo passou num lugar em qualquer uma das suas viagens.
Ao chegar pela primeira vez à Jamaica, o explorador encontrou índios tainos aborígenes, o primeiro povo que habitou a ilha. No entanto, após a ocupação espanhola, todos os tainos foram mortos ou morreram por excesso de trabalho e doenças europeias para as quais nunca tinham desenvolvido imunidade. Foram importados africanos para trabalhar como escravos nas plantações. Bovinos e outros pequenos animais constituíam a principal fauna da ilha, e as principais culturas eram de tabaco e de alimentos básicos, que serviam para sustentar a população e como suprimentos para os navios que passavam.
O nome da ilha, Jamaica, vem de “Awarak Xaymaca”, que significa “terra de madeira e água”. Apesar da extinção dos tainos, eles deixaram várias palavras que ficaram na língua inglesa, como rede, tabaco, batata, furacão, milho, churrasco, canibal e canoa.
A primeira cidade de Jamaica, construída pelos espanhóis em 1509, foi Sevilla Nueva, ou Nova Sevilha, na costa norte. Hoje a cidade está soterrada em St. Ann e continuam a ser feitas escavações arqueológicas. O domínio espanhol viria a terminar em 1655, quando os ingleses chegaram e colonizaram a ilha, transformando-a numa vasta plantação de cana de açúcar. Em Inglaterra, costumava dizer-se de alguém com muita riqueza que era tão rico como um plantador das Índias Ocidentais.
Para cultivar a cana de açúcar, os ingleses levaram para a Jamaica ainda mais escravos, em grande parte vindos da costa oeste de África. A maioria era das tribos Fanti e Ashanti. Outros escravos, das tribos Ibos e Yoruba, vieram de onde é hoje a Nigéria. Quando os escravos foram totalmente libertados em 1838, a maioria abandonou as plantações e estabeleceu-se nos morros, para cultivar os seus próprios pequenos lotes de terra. Fundaram então um campesinato, considerado ainda hoje a “espinha dorsal” da Jamaica. Depois da abolição da escravatura, os ingleses trouxeram chineses e depois índios contratados para trabalhar nas plantações. Os judeus estão entre os residentes mais antigos da Jamaica e algumas famílias mantêm-se por lá desde a época dos primeiros assentamentos espanhóis. Embora em número pequeno, a comunidade judaica tem sido muito influente no governo e no comércio. Quando os ingleses tomaram a Jamaica, os espanhóis fugiram para as ilhas vizinhas e os seus escravos libertos escaparam para as montanhas e formaram os seus próprios grupos independentes chamados de Maroons.
A eles juntaram-se muitos outros escravos que escaparam dos ingleses e que, durante muito tempo, lutaram contra os colonos. Os chamados quilombolas foram tão bem sucedidos que os ingleses foram forçados a assinar com eles tratados de paz, concedendo-lhes autogoverno e as terras montanhosas que habitavam. Hoje, os descendentes dos quilombolas ainda moram nas montanhas da Jamaica (Accompong) e em Moore Town, nas colinas de Portland (leste do país). Esta comunidade está totalmente integrada na sociedade jamaicana e partilha os mesmos direitos e deveres de cidadania. Por outro lado, mais de 90% da população jamaicana é de ascendência africana. Tem havido muitos casamentos entre raças ao longo dos séculos, existindo uma grande diversidade física e cultural entre os jamaicanos.
A herança africana é muito forte, com reflexos na alimentação, em algumas práticas religiosas, na música e dança e ainda em contos populares e provérbios.
A língua oficial da Jamaica é o inglês. No entanto, a maioria da população fala um crioulo jamaicano chamado patois, que é uma mistura de formas inglesas e africanas, com palavras adotadas de fontes estrangeiras. Existe até um Dicionário de Inglês Jamaicano publicado pela Cambridge University Press.
A Jamaica tem uma população de mais de 2,6 milhões de pessoas. Kingston, a capital, é a cidade com maior densidade populacional, com 750 mil pessoas. A maioria da população é cristã, com pequenas comunidades judaicas, hindus, muçulmanas e bahai. As outras igrejas estabelecidas são anglicanas (episcopais), batistas, metodistas, católicas romanas, adventistas, morávias e igrejas unidas (presbiteriana e congregacional).
Os pentecostais também têm um grande número de fiéis.
A Jamaica tornou-se um país independente a 6 de agosto de 1962, após 300 anos sob o domínio britânico. Tem uma economia dominada principalmente pelas áreas do turismo, agricultura e mineração de bauxita. As principais culturas agrícolas de exportação são o açúcar, banana, café, citrinos, cacau, coco, pimenta (a chamada “pimenta da Jamaica”) e tubérculos (inhame, por exemplo). Exporta ainda flores e plantas.
Há também bons resultados na pesca de água doce e na criação de camarão, no cultivo de cogumelos e morangos e na produção de ostras. Numerosos tubérculos tropicais, vegetais, flores exóticas, são cultivados de acordo com a tradição. O Blue Mountain Coffee é o café mais caro do mundo e é usado principalmente para misturar com grãos menos aromáticos. É cultivado apenas numa pequena área nas encostas das Blue Mountains. Além deste café, a Jamaica também produz outras excelentes variantes.
O país é também um dos maiores produtores mundiais de bauxita e alumina, mineral a partir da qual o alumínio é produzido. Este material é enviado para fundições nos EUA, Canadá, Noruega e outros países, uma vez que na Jamaica não se produz alumínio.
Apesar desta dinâmica em vários setores económicos, o turismo é aquele que mais rende à Jamaica, que tem cerca de um milhão de visitantes todos os anos. Há turismo na ilha durante todo o ano, mas os principais centros de resort são Kingston, Montego Bay, Ocho Rios, Negril, Port Antonio e a Costa Central e do Sul. Há uma série de hotéis, grandes e pequenos, que variam entre arranha-céus, de estilo antigo e pequenos hotéis comercializados sob o título “Inns of Jamaica”. Há também casas de hóspedes e diferentes villas e apartamentos. Todos oferecem as mais modernas comodidades e serviço de excelência.
Existem também na Jamaica inúmeros restaurantes sofisticados que oferecem uma grande variedade de estilos gastronómicos: cozinhas jamaicana, americana, continental, indiana, chinesa e italiana, entre outros. Há muitas atrações e eventos de entretenimento durante todo o ano e a Jamaica é rica em belas praias e paisagens pitorescas.
O lazer é outra das grandes apostas, havendo instalações para ténis, golfe, equitação, desportos aquáticos e todos os tipos de atividade. O transporte marítimo desempenha um papel importante na indústria turística e existem portos de cruzeiros em Ocho Rios, Montego Bay, Port Antonio, Falmouth e Kingston. A capital Kingston é a capital da Jamaica e foi construída em torno do sétimo maior porto natural do mundo, A orla, totalmente reconstruída, tem esplêndidos edifícios modernos que abrigam escritórios, lojas e apartamentos. O imponente edifício do Banco da Jamaica abriga o Banco Central, bem como o museu da moeda. Do outro lado da rua, encontra-se o exclusivo Centro de Conferências da Jamaica, aberto aos visitantes. Outros locais interessantes da zona são o espetacular St. William Grant Park e a National Gallery, lar da inestimável coleção de arte da Jamaica e palco de uma das melhores exposições do Caribe, o Kingston Crafts Market.
Outros pontos de interesse do centro da cidade são o Instituto da Jamaica (East Street), criado em 1879; Ward Theater, um dos teatros mais antigos das américas; a igreja paroquial de Kingston, que existe pelo menos desde 1699; a Coke Chapel, construída em 1840; e a Gordon House, onde se encontra o parlamento jamaicano. O Parque Nacional dos Heróis é outro ponto de interesse e exibe monumentos dos heróis nacionais da Jamaica. Mas há mais. Muito mais. É por isso que a Jamaica é um daqueles destinos imperdíveis e capazes de proporcionar uma viagem que jamais esquecerá.