De acordo com dados oficiais do governo indonésio, divulgados em março, entre 2019 e 2024 foram registados 180 acidentes e 8 mortes nas trilhas do Parque Nacional de Rinjani, situado na ilha de Lombok.
A mais recente vítima é Juliana Marins, uma jovem brasileira de 26 anos, que foi encontrada sem vida na terça-feira, 24 de junho, após cair de um penhasco durante uma caminhada até ao cume do vulcão. A queda ocorreu no sábado anterior (21), depois de Juliana se ter separado do grupo com quem seguia.
Juliana estava a fazer uma viagem pelo Sudeste Asiático desde fevereiro, e partilhava nas redes sociais momentos das suas passagens pelas Filipinas, Vietname, Tailândia e, por fim, Indonésia. Natural de Niterói, no Brasil, formou-se em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e apresentava-se também como dançarina de pole dance.
De acordo com a família, a jovem terá deslizado por uma encosta a cerca de 650 metros de altura. As operações de busca duraram três dias. A confirmação da sua morte foi feita através de um perfil criado pela família nas redes sociais, usado para partilhar informações durante o processo de resgate.
Acidentes em números
O relatório do Escritório do Parque Nacional do Monte Rinjani mostra uma tendência crescente no número de acidentes:
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2021: 21 acidentes
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2022: 33 acidentes
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2023: 35 acidentes
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2024 (até março): 60 acidentes
Dos 180 casos registados em cinco anos, 44 envolveram turistas estrangeiros, enquanto 136 foram turistas locais.
Um alerta aos viajantes
Apesar da sua beleza natural e do apelo para quem procura aventura, as trilhas do Monte Rinjani são desafiantes e apresentam riscos, especialmente em zonas de elevada inclinação ou com condições meteorológicas adversas.
A trágica morte de Juliana Marins vem reforçar a necessidade de redobrar os cuidados em trilhas de alta montanha, sobretudo quando realizadas sem acompanhamento especializado ou fora dos circuitos autorizados.
Face ao aumento de ocorrências, o governo indonésio emitiu em março de 2024 um parecer a recomendar a criação urgente de um Procedimento Operacional Padrão (POP) para busca, resgate e evacuação de turistas no Parque Nacional onde se situa o vulcão.
Com 3.726 metros de altitude, o Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e um dos percursos mais procurados — e desafiadores — do país. A caminhada até ao cume pode durar entre dois a quatro dias, atravessando zonas de declive acentuado, condições climáticas imprevisíveis e áreas de risco acentuado, sobretudo em épocas de neblina.
Nos últimos cinco anos, foram registados 180 acidentes e 8 mortes nas trilhas da região, de acordo com dados oficiais do Parque Nacional de Rinjani. Só em 2024, até março, já tinham ocorrido 60 acidentes, quase o dobro do ano anterior.
Segundo o relatório, 134 dos acidentes envolveram quedas ou torções. Em muitos casos, os incidentes ocorreram por negligência dos próprios turistas — como falta de preparação física, uso de equipamentos inadequados ou ignorar as trilhas oficiais.
As autoridades indonésias sublinham que, embora o turismo traga benefícios económicos para as comunidades locais, também agrava o impacto ambiental, aumenta o risco de acidentes e sobrecarrega os serviços de emergência.
Como resposta, foram instaladas placas de alerta nas zonas mais perigosas e os visitantes recebem orientações de segurança na entrada das trilhas.
Casos anteriores com turistas internacionais
A morte de Juliana Marins junta-se a uma lista crescente de turistas que perderam a vida na região de Rinjani:
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2022: Boaz Bar Anam, cidadão luso-israelita de 37 anos, caiu de uma altura de 150 metros enquanto tentava tirar uma selfie na borda do cume, na rota de Sembalun. O corpo foi resgatado quatro dias depois.
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1 de Junho de 2024: Melanie Bohner, suíça, morreu após cair num barranco no Monte Anak Dara, em Sembalun, enquanto seguia sozinha por uma trilha não oficial.
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2025: Rennie, turista de 57 anos da Malásia, caiu de uma ravina com 80 metros de profundidade na trilha de Torean. Ignorou recomendações dos guias e soltou-se de uma corda de segurança. A queda deu-se em meio a neblina densa, dificultando o resgate.
Estes casos trágicos são um lembrete da importância de respeitar as regras locais, conhecer os limites físicos e priorizar a segurança em todas as aventuras. Trilhar caminhos remotos pode ser fascinante, mas exige preparação, prudência e respeito pela natureza.
O governo indonésio comprometeu-se a reforçar as medidas de segurança e melhorar os protocolos de resposta a emergências, numa tentativa de evitar novas fatalidades como a de Juliana Marins.