O Museu de Arte Contemporânea – Centro Cultural de Belém (MAC/CCB), em Lisboa, celebra um ano de existência este fim de semana com quatro novas exposições e entradas gratuitas para visitas e atividades da programação paralela.
As quatro novas exposições abordam a vivência da arquitetura e da cidade através de filmes de Bêka & Lemoine, o percurso do arquiteto português Hestnes Ferreira, a transformação do espaço na visão do artista Fred Sandback, e uma seleção de obras das coleções do museu, inspirada no trabalho da fotógrafa norte-americana Nan Goldin.
Durante dois dias, para assinalar um ano da abertura ao público, o MAC/CCB – que veio tomar o lugar do antigo Museu Coleção Berardo – terá entrada gratuita e horário alargado para as novas exposições temporárias, e uma performance do artista francês Xavier Le Roy, a que se juntam lançamentos de publicações, visitas guiadas e oficinas para adultos e famílias.
“Hestnes Ferreira – Forma | Matéria | Luz” e “Homo Urbanus. Uma Odisseia Cidamatográfica de Bêka & Lemoine” foram as duas primeiras exposições inauguradas recentemente na nova temporada, a primeira com curadoria de Alexandra Saraiva, Patrícia Bento d’Almeida e Paulo Tormenta Pinto, a segunda com Justin Jaeckle como curador.
“Forma | Matéria | Luz” apresenta uma leitura sobre a obra do arquiteto Raul Hestnes Ferreira (1931–2018), baseada no seu processo de trabalho, dominado pelo desenho a carvão e pela experimentação da arquitetura, numa organização da Fundação Instituto Marques da Silva.
Os visitantes poderão ver também 13 filmes realizados pelos arquitetos, artistas e realizadores Bêka & Lemoine em outras tantas cidades muito diferentes, numa perspetiva que “coloca em diálogo o específico e o universal de modo a destacar as relações dos indivíduos — com o espaço, como entre si — que as cidades não apenas produzem como também refletem”, segundo a curadoria.
Em março de 2025, o MAC/CCB vai estrear e introduzir nesta exposição um novo filme, sobre Lisboa, produzido pela dupla de artistas.
A obra de Fred Sandback (1943-2003), na mostra “Alinhavando o Espaço”, com curadoria de Lilian Tonle, é outra das quatro exposições, abordando aspetos menos conhecidos do legado do artista norte-americano, nomeadamente os seus desenhos, gravuras, relevos em madeira e construções conceptuais.
“Intimidades em fuga. Em torno de Nan Goldin”, com curadoria da diretora do museu, a historiadora e curadora espanhola Nuria Enguita, perfaz o conjunto de novas mostras, tendo como ponto de partida a obra “The Ballad of Sexual Dependency” da fotógrafa norte-americana nascida em 1953.
A obra de Goldin revela “um imaginário visual que dá conta da vida, de uma vida que se nomeia a si própria, numa série que dá forma a um espaço e a um tempo íntimos, um diário público que desfaz o presente, mostra a espessura das relações e dos vínculos através dos quais a vida simultaneamente passa e é vivida”, segundo a curadoria.
Com uma identidade renovada desde há um ano – após o fim do acordo de 15 anos entre o Estado e o colecionador José Berardo, cuja coleção se encontra ainda à guarda do CCB por decisão judicial, no âmbito de um processo da banca contra o empresário madeirense – o MAC/CCB manteve maioritariamente a anterior equipa de trabalhadores e selecionou uma nova direção por concurso internacional, que inclui ainda Mariana Pestana.
Além da Coleção Berardo, o museu reúne obras do acervo Coleção de Arte Contemporânea do Estado (CACE), a Coleção Ellipse, adquirida pelo Estado, e a Coleção Teixeira de Freitas, deixada em depósito pelo colecionador.