A especialista em segurança da aviação Christine Negroni, conhecida pelas suas investigações nesta área, tem vindo a alertar para os perigos associados ao uso de roupas fabricadas com fibras sintéticas muito justas ao corpo durante voos, nomeadamente leggings. Negroni, que está a escrever um novo livro intitulado “Não Use Leggings num Avião – e Outras Lições de Aterragens Infelizes”, sublinha que, em caso de acidente com risco de incêndio, esse tipo de material pode agravar a situação.
Neste contexto, ela recomenda a escolha de roupas feitas com fibras naturais, como algodão ou lã, que não só oferecem menor risco de queimaduras, como também garantem maior mobilidade – algo essencial se for necessário evacuar rapidamente a aeronave.
Também os especialistas em saúde circulatória alertam para os efeitos de peças muito justas durante voos. O Dr. Hugh Pabarue, médico especializado em doenças venosas, recorda que “roupas apertadas podem comprometer a circulação sanguínea, especialmente nas pernas”. Essa restrição pode causar inchaço, dores, varizes ou, em casos mais graves, trombose venosa profunda – um coágulo que se forma nas veias profundas da perna.
A pressão atmosférica reduzida no interior do avião, combinada com longos períodos sentado, agrava o problema. O cirurgião vascular Peter J. Pappas acrescenta que “ficar imóvel durante várias horas favorece o acúmulo de sangue nas pernas, aumentando o risco de complicações”. Roupas muito justas na cintura, nas coxas e nos tornozelos podem contribuir para isso, ao restringirem o fluxo normal.
Mas e quanto às peças de compressão? De facto, há exceções. De acordo com o HuffPost, meias e calças de compressão de grau médico são desenhadas especificamente para estimular a circulação, aplicando pressão de forma controlada. “Estas peças neutralizam os efeitos negativos da pressão da cabine, previnem o inchaço e ajudam a evitar a formação de coágulos”, refere Pappas.
Segundo Val Oliveira, especialista em drenagem linfática, a diferença está na forma como a pressão é distribuída: “As peças de compressão adequadas favorecem o retorno venoso e linfático, ao contrário de roupas justas comuns, que podem bloquear esses fluxos”.
Existem atualmente opções de compressão feitas com fibras naturais, como lã ou bambu, que aliam os benefícios circulatórios à segurança em caso de incêndio.
Lara Henderson, especialista em sistema linfático, também desaconselha o uso de peças muito justas durante os voos. “O sistema linfático fica logo abaixo da pele e é muito sensível à pressão. Qualquer peça apertada pode funcionar como um torniquete e impedir a drenagem natural, agravando a retenção de líquidos e a sensação de peso nas pernas”, explica.
Embora possa parecer uma escolha inofensiva e confortável, o uso de leggings pode trazer riscos tanto em termos de segurança como de saúde. Optar por materiais naturais, roupas folgadas e manter-se em movimento durante o voo são medidas simples que podem fazer a diferença em situações imprevistas e ajudar a chegar ao destino com mais conforto e segurança.