Pode o YouTube ser capaz de causar stress pós-traumático?

Novo processo legal evidencia a forma como o trabalho de moderação de conteúdos pode estar a afetar a saúde mental dos colaboradores da empresa.

Uma antiga trabalhadora do YouTube decidiu processar a empresa depois de ter desenvolvido stress pós-traumático e depressão na sequência das funções que desempenhava enquanto moderadora. Segundo avança o Business Insider, acusa o YouTube de «não providenciar um local de trabalho seguro para os milhares de funcionários que limpam a plataforma de conteúdos perturbadores».

No processo, submetido esta segunda-feira, a antiga moderadora indica que os sintomas que agora enfrenta se devem à negligência da companhia da Alphabet, que não terá sabido implementar boas práticas. Refere ainda que os coaches de bem-estar contratados pelo YouTube para apoiar os moderadores não tinham a formação necessária e que sugeriram que «confiassem em Deus» e «tomassem drogas ilegais» para lidar com os vídeos que tinham de monitorizar durante o horário de trabalho.

O objetivo do processo é obrigar o YouTube a criar orientações de segurança mais robustas, mas também a dar vida a um fundo que cubra os custos associados ao diagnóstico e tratamento de moderadores ao serviço da plataforma.

O escritório de advogados responsável por esta ação legal – Joseph Saveri Law Firm – tinha ficado anteriormente conhecido por processar o Facebook também devido às incapacidade deste em proteger a saúde mental dos seus moderadores. Na altura o processo culminou com um acordo judicial que obrigou a empresa de Mark Zuckerberg a pagar um total de 52 milhões de dólares em indeminizações a trabalhadores que desenvolveram stress pós-traumático.

Segundo o Business Insider, milhares de moderadores passam várias horas, diariamente, a rever vídeos publicados no YouTube com situações de violação, tortura, homicídio ou suicídio, entre outros. O processo judicial proposto pela antiga trabalhadora indica que são vistos entre 100 e 300 vídeos por dia, sendo que os moderadores não são avisados de que tipo de conteúdo irão ver no momento em que são contratados. Os recrutadores referem apenas que «poderá ser necessário rever conteúdos gráficos».

 

 

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