O setor das viagens aéreas cresceu 6,5% em 2024 a nível global, impulsionado pela descida de 20% nos preços dos combustíveis que levou à redução do custo dos bilhetes e a uma maior procura, que se espera que se mantenha estável em 2025. De acordo com o estudo “Air Travel Demand Outlook 2025: Steady Growth Despite Supply Constraints”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG), existem três cenários possíveis para a evolução da procura por viagens aéreas este ano – cenário base, cenário pessimista e cenário otimista, sendo que este último prevê um crescimento de até 10,2%.
Apesar do aumento registado em 2024, com especial impacto na procura por viagens internacionais na China e na Índia, as companhias aéreas enfrentam diversos desafios, nomeadamente atrasos na entrega de aeronaves e peças e reivindicações de aumentos salariais para tripulações e mecânicos. Além disso, as zonas de conflito limitaram as rotas e o espaço aéreo sobre a Europa Oriental e o Médio Oriente, e as tensões geopolíticas afetaram o crescimento das viagens internacionais entre a América do Norte e a Ásia.
Com base nos desafios enfrentados pelo setor e em fatores económicos como as variações das taxas de juro e o crescimento do PIB, a BCG estimou três cenários possíveis para a evolução da procura por viagens aéreas em 2025:
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Cenário base. Este cenário, que é o mais expectável dos três, prevê que a procura por viagens aéreas crescerá a uma taxa composta anual (CAGR) de 5,6%, alinhada com as previsões de crescimento do PIB global e regional e em linha com o crescimento registado em 2024. A recuperação da China, que se espera que atinja os níveis de viagens internacionais pré-pandémicos até o final de 2025, e a contínua ascensão das viagens aéreas na Índia, são fatores-chave que impulsionarão este crescimento.
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Cenário pessimista. Este quadro estima uma desaceleração de 1,6% na procura, devido a aumentos nos preços do combustível e nos custos laborais, influenciado ainda por tensões regionais prolongadas e uma maior incerteza económica global. Além disso, de acordo com esta previsão, os desafios da cadeia de abastecimento, sobretudo os atrasos nas entregas de aeronaves e peças, continuarão a impactar negativamente a indústria.
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Cenário otimista. Neste cenário, é esperado um crescimento da procura por viagens aéreas de até 10,2%, impulsionado por uma aceleração do crescimento económico, redução nos preços do combustível, melhorias na cadeia de abastecimento e atenuação das tensões geopolíticas globais. Uma perspetiva económica mais positiva conduzirá a uma maior estabilidade do setor, com efeitos subsequentes, tais como taxas de juro e inflação mais baixas, bem como menor impacto das reivindicações salariais, que se refletem diretamente nos custos do setor e nos respetivos preços das viagens aéreas.
Em todos estes cenários, os desafios da cadeia de abastecimento continuarão a afetar as transportadoras aéreas, nomeadamente os atuais estrangulamentos na produção de peças essenciais, como aerofólios, com os consequentes impactos na manutenção, capacidade, custos e preços das viagens.
Inovação baseada em Inteligência Artificial é um fator-chave para impulsionar o setor
Para se adaptarem às novas exigências dos consumidores, ultrapassarem os desafios da cadeia de abastecimento e conseguirem cumprir com os objetivos de crescimento, as companhias aéreas têm apostado cada vez mais na integração de Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa), de modo a conseguirem aumentar a eficiência operacional e a satisfação do cliente.
Perante este cenário, é esperado que as transportadoras aéreas aumentem o investimento em IA em 35% por ano até 2030, atingindo cerca de 10 mil milhões de dólares, sendo que diversas companhias já implementaram com sucesso esta tecnologia para facilitar o processo de embarque e prever com maior precisão a procura por voos, capitalizando-a e garantindo vantagens competitivas.