A areia branca da Sardenha é considerada um bem público e como tal a sua remoção da ilha é vista como um roubo no código penal italiano, que pode dar até seis anos de prisão. O casal francês, apanhado com 40 kg da areia da Sardenha no carro, argumenta que queria levar a areia como uma «lembrança» e não perceberam que podiam estar a cometer um crime.
O comércio de areia, conchas e seixos é ilegal desde 2017 e punível com multas de até 3 mil euros. No entanto, o casal pode enfrentar uma pena de prisão de entre um a seis anos pelo crime de roubo com a agravante de ter roubado um bem de utilidade pública.
Quando os turistas franceses se preparavam para embarcar em Porto Torres rumo a Toulon, em França, foram intercetados pela polícia. Segundo relatos à BBC, a areia foi retirada da praia em Chia, no sul da Sardenha, e transferida para a mala do SUV do casal, onde se encontrava armazenada em 14 garrafas de plástico.
O acesso à renomada praia rosa na ilha de Budelli, no nordeste da Sardenha, foi proibido, em 1994, devido a preocupações dos locais com o futuro da mesma. As autoridades alertam para as várias toneladas da areia que desaparecem todos os anos.
Alguns turistas da ilha do Mediterrâneo, principalmente europeus e incluindo italianos, são conhecidos por engarrafarem a areia e depois a leiloarem online.
Sério aviso ambiental
Em declarações à BBC, o cientista ambiental e residente em Cagliari, na capital de Sardenha, Pierluigi Cocco reconhece que as praias são «a principal razão pela qual os turistas são atraídos pela ilha da Sardenha». Porém, alerta para a existência de duas ameaças: a erosão e o roubo de areia pelos turistas.
A primeira «é parcialmente natural e parcialmente induzida pelo aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas» e a segunda pode «contribuir para a redução das praias». Embora sejam poucos os turistas que visitam a Sardenha e «gastam o seu tempo a cavar 40kg de areia cada», se se multiplicar metade desse valor por «5% do milhão de turistas anuais, em poucos anos isso teria um grande impacto».