Misoginia
De acordo com a edição de 2021 do Global Gender Gap do Fórum Económico Mundial, a Coreia do Sul ocupa apenas a 102.ª posição na lista de países com maior igualdade de género.
A série reflete essa cultura através de discussões sobre a aptidão das mulheres para realizar tarefas fornecidas aos competidores.
A situação dos desertores do Norte
A série também discute a questão dos desertores norte-coreanos. Na série, a competidora Sae-byok (interpretada pela modelo Jung Ho-yeon) junta-se à trupe na esperança de ganhar dinheiro para reunir a sua família, que se separou enquanto fugia do regime repressivo do país vizinho.
Antes da pandemia covid-19, todos os anos mais de mil norte-coreanos procuravam refúgio no Sul. Embora Seul tenha uma série de programas e benefícios de apoio, os desertores podem sofrer maus-tratos, discriminação e desconfiança por parte da população local.
Pobreza
O país asiático aparece em 23.º lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano da Organização das Nações Unidas (ONU), à frente da França, Itália e Espanha, por exemplo.
Mas o personagem principal da série, Gi-hun, foi despedido da fictícia Dragon Motors, tem dois negócios falidos, vive com a mãe doente e não é capaz de comprar um presente de aniversário decente para a filha. Ele simboliza o trabalhador fracassado que não consegue sair da pobreza.
Exploração de migrantes
Um dos personagens mais cativantes da série é Ali, um operário migrante paquistanês que se junta aos competidores depois de o seu chefe sul-coreano deixar de pagar o seu salário, forçando-o a deixar para trás o filho bebê e a mulher.
Os paquistaneses não estão entre as maiores populações de migrantes na Coreia do Sul, mas a história de Ali simboliza uma rotina de trabalho duro e exploração que alguns trabalhadores estrangeiros podem viver no país.
Corrupção corporativa e política
Um dos personagens principais é Cho Sang-woo, um banqueiro de investimento que se junta ao desafio depois de cair em desgraça por desviar fundos da empresa para a qual trabalhava.
Nos últimos anos, a Coreia do Sul foi abalada por escândalos envolvendo a elite empresarial e política, incluindo uma investigação de corrupção em 2016 que derrubou a primeira presidente mulher, Park Geun-hye.
Uma relação complicada com a China
Squid Game faz uma única referência à China, que é o principal aliado da Coreia do Norte: a mãe de Sae-byok é detida enquanto tentava chegar à Coreia do Sul pela China.
Mas foi fora dos ecrãs que a série se tornou em mais um exemplo das tensões entre Seul e Pequim. A imprensa chinesa noticiou que os agasalhos verdes usados pelos competidores do jogo são semelhantes aos usados no filme chinês de 2019 Teacher, Like. Isso levou a discussões acaloradas nas redes sociais. Apesar da Netflix ser bloqueada na China e não haver distribuição oficial, a série disponível através de serviços de streaming ilegais.