Se sofre de uma doença autoimune, como artrite reumatoide, lúpus ou psoríase, poderá ter um risco acrescido de desenvolver depressão, ansiedade ou outras perturbações do foro mental. A conclusão é de um novo e abrangente estudo realizado no Reino Unido, que volta a reforçar a ligação entre saúde física e mental.
O estudo, publicado na prestigiada revista BMJ Mental Health, analisou dados de 1,5 milhões de pessoas, incluindo mais de 38 mil com diagnóstico confirmado de doença autoimune. Os resultados revelam que 29% dos doentes autoimunes tinham sido diagnosticados com alguma condição de saúde mental, comparando com 18% da população geral.
Os investigadores apontam a inflamação crónica — uma das marcas das doenças autoimunes — como um possível fator de risco para perturbações como depressão, ansiedade e até bipolaridade.
“Muitos psiquiatras ainda não consideram as doenças mentais como perturbações do corpo inteiro”, alertou Daniel Smith, da Universidade de Edimburgo.
“Mas são, e têm uma ligação direta com o que se passa abaixo do pescoço.”
O estudo destacou também diferenças de género. As mulheres com doenças autoimunes apresentaram maior probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental — 32% contra 21% dos homens. Fatores como hormonas sexuais, composição genética e anticorpos podem estar na origem desta disparidade.
Os autores do estudo sugerem que médicos de clínica geral, reumatologistas e outros especialistas passem a considerar rastreios regulares de saúde mental em doentes autoimunes, especialmente nas mulheres. O objectivo é detectar sinais precoces e encaminhar para apoio psicológico ou psiquiátrico, sempre que necessário.
Cuidar da mente é cuidar do corpo.
As doenças autoimunes não afetam apenas as articulações, a pele ou os intestinos — também podem ter impacto profundo no bem-estar emocional. Se sente tristeza persistente, ansiedade ou cansaço mental além do habitual, fale com o seu médico. A saúde mental merece a mesma atenção que qualquer outro órgão do corpo.