“A crença de que o cancro do fígado está associado a maus hábitos de saúde, para não dizer a má vida, continua a estar presente na sociedade”, sublinhou o especialista, em declarações ao jornal espanhol ‘El Economista’, que indicou a “dificuldade que as pessoas com cancro têm de se manifestar publicamente”.
No âmbito de uma campanha (‘Vamos falar sem filtro’), lançada pela AstraZeneca, para dar visibilidade ao cancro do fígado, o clínico destacou que este estigma tem feito com que não haja associação de pacientes com esta patologia: “Acho que é o único tipo de cancro que não tem”, pedindo que “sejam investigadas as causas pelas quais se tornou um estigma social”.
O cancro do fígado pode ocorrer devido ao carcinoma hepatocelular (entre 80 e 90% dos casos) e ao cancro do ducto biliar (entre 10 e 20%), sendo a terceira principal causa de morte por cancro a nível mundial, além de ser o sexto tumor maligno mais comummente diagnosticado. Além disso, o aumento da prevalência de alguns dos fatores de risco, como a obesidade ou o consumo de álcool, poderá conduzir a alterações futuras na sua incidência.
É uma patologia com poucas opções terapêuticas e poucas melhorias na sobrevida nas últimas décadas, que exige novas alternativas de tratamento eficazes, especificamente no caso do cancro das vias biliares.
O especialista realçou ainda a importância do diagnóstico precoce do cancro do fígado “antes que apareçam os sintomas da patologia”. “Se surgem sintomas é porque chegámos atrasados, o fígado é um órgão silencioso e ao qual ninguém presta atenção. Os tumores que aparecem no fígado só apresentam sintomas quando estão numa fase muito avançada”, destacou.
Por isso, a taxa de mortalidade é muito elevada e que “o número de novos casos é apenas um pouco superior – entre 10 e 15% mais – ao número de mortes produzidas, pelo que é importante o desaparecimento de estigma social, que pode ser uma barreira significativa ao diagnóstico precoce e ao tratamento eficaz”.
Para o especialista, a melhor forma de tratar a doença é antes do aparecimento dos sintomas e por isso aconselhou que as pessoas que “têm doença hepática crónica” se submetam a programas de rastreio semestrais.