O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) apresentou a Via Verde AVC com Trombectomia, um tratamento inovador na área do Acidente Vascular Cerebral (AVC) até então inexistente na região do Algarve, passando a Unidade de AVC da Unidade Hospitalar de Faro a garantir resposta de nível A.
De acordo com o CHUA, este é um “salto gigante” para a resposta a esta patologia. Ana Paula Fidalgo, coordenadora da Unidade de AVC do CHUA, refere que “é com orgulho que vê o procedimento da trombectomia ser realizado nesta unidade hospitalar”, acrescentando que ao “encurtar o tempo de tratamento, estamos à espera que os resultados aos três meses sejam muito melhores”.
A realização deste procedimento só foi possível com a aquisição do angiógrafo biplanar e da consequente contratação de dois neurorradiologistas de intervenção.
Jorge Brito, diretor do Serviço de Radiologia, saudou a equipa da Unidade de AVC por alcançar o nível A, reconhecendo que a neurorradiologia de intervenção era uma lacuna e louvou a coragem e determinação dos novos neurorradiologistas de intervenção em abraçarem este projeto.
O procedimento da trombectomia tem vindo a ser desenvolvido pelos neurorradiologistas Inês Gil e Francisco Ornelas Raposo, que consideram fundamental o apoio de base da equipa da Unidade de AVC.
Otimista quanto ao futuro e consciente do enorme trabalho que tem vindo a ser desenvolvido, Horácio Guerreiro, Diretor Clinico do CHUA sublinhou que “os equipamentos e as instalações existem, existem os profissionais, pelo que esta é uma área que se vem colocar ao nível do que melhor se faz a nível internacional”.
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de AVC, professor Vítor Tedim Cruz, “o AVC não se resolve com um herói singular. É uma patologia que é um desafio de organização, onde é preciso trabalhar a prevenção, o tratamento agudo, a reabilitação, prevenir as recorrências e isto é uma orquestra muito bem montada, onde o valor em saúde depende da afinação de todos os profissionais”.
Paulo Morgado, presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve, salientou a mais-valia deste procedimento inovador que permite “salvar cérebro”. “Até agora, estes doentes ao serem transferidos para Lisboa, mesmo por helitransporte chegavam lá fora da janela terapêutica. Estamos a ter um impacto decisivo na mortalidade, na morbilidade e na incapacidade que muitas vezes resulta do AVC”, explica.
Unidade de AVC nível A
Recorde-se que no início do mês de junho, a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) comunicou a deliberação de autorização para a «Via Verde do Acidente Vascular Cerebral no Adulto» da Unidade de AVC do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) passar a ser classificada com nível A.
A deliberação da Direção Executiva do SNS refere ainda que “o CHUA dispõe de capacidade técnica e recursos humanos que lhes permite assegurar esta resposta, cumprindo com os requisitos em vigor, de acordo com uma proposta que será progressiva”.
De acordo com Paulo Neves, vogal executivo do Conselho de Administração, “é essa capacidade técnica e de recursos que irá permitir à Unidade de AVC do CHUA obter a Certificação ESO já em Fevereiro de 2024, tornando-se a segunda unidade certificada do País”.