Manter uma alimentação saudável é um desafio, principalmente quando a meta recomendada é desviarmo-nos dos excessos. Se ainda não encontrou motivação, lembre-se de que vários órgãos são afetados pela comida que escolhe no seu dia a dia, e o fígado não é exceção.
Por Arsénio Santos, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado (APEF)
O fígado é um órgão basilar do corpo humano, sendo responsável por muitas funções vitais como a metabolização de nutrientes, a desintoxicação do organismo e o armazenamento de vitaminas e minerais. Contudo, estas funcionalidades podem ficar comprometidas quando se está na presença de problemas de saúde como a Doença Hepática Esteatósica (DHE), também conhecida por fígado gordo.
A DHE é uma condição cada vez mais prevalente e está associada ao sedentarismo e à alimentação desequilibrada, rica em gorduras saturadas, açúcares e alimentos processados, o que contribui para o aumento dos índices de obesidade e também para esta acumulação de gordura no fígado.
Esta doença pode ser a abertura de portas para quadros de inflamação e fibrose (formação de cicatrizes) do fígado, que podem evoluir para situações mais graves, nomeadamente a cirrose hepática ou até mesmo o cancro do fígado. No entanto, apesar de todos os perigos de uma dieta descuidada, os níveis de excesso de peso e obesidade continuam a aumentar drasticamente por todo o globo, sendo que em Portugal 56% da população apresenta excesso de peso, um número acima da média europeia, de acordo com a Federação Mundial de Obesidade.
Para combater este problema e prevenir as doenças do fígado, não existe outra opção: é necessário olhar para o que come. A adoção de uma dieta que inclua frutas, vegetais, grãos integrais, proteínas magras e gorduras saudáveis, ajuda a fornecer os nutrientes essenciais para o bom funcionamento do fígado e a manter um peso saudável, o que é benéfico para o bem-estar geral.
Associar este cuidado a uma prática regular de atividade física é outra estratégia valiosa que não deve esquecer de incluir na sua rotina, pois o exercício físico ajuda a reduzir a acumulação de gordura no fígado, assim como o risco de desenvolver resistência à insulina e diabetes tipo 2, que também estão associadas à esteatose hepática.
É, assim, essencial sublinhar que as escolhas alimentares equilibradas e a prática de atividade física têm o poder de moldar a saúde do fígado, a sua vitalidade e energia. Opte sempre pela saúde nas pequenas decisões do dia a dia e verá que fará a diferença!