Em Portugal, continuam a aumentar os casos de burla no meio online. No primeiro semestre do ano, chegaram ao Portal da Queixa 3.034 reclamações com referência a burlas, um crescimento de cerca de 11%, em comparação com o período homólogo de 2023, que registou 2.736 queixas. Os vários esquemas relatados pelos consumidores relacionam mais de 1.300 marcas e o Instagram é o canal mais mencionado nas queixas. O valor estimado do prejuízo é de quase meio milhão de euros.
De acordo com a análise do Portal da Queixa, a comparação entre os dois primeiros trimestres de 2024 revela um crescimento de 31.1% do número de reclamações relacionadas com burlas online. Entre janeiro e março, verificou-se um total de 1.313 queixas sobre o tema e, no segundo trimestre do ano, foram 1.721 as ocorrências publicadas na plataforma.
Os dados analisados indicam que a maioria das reclamações reportadas está relacionada com casos de compras em lojas online, onde os consumidores se queixam de ter realizado a compra de um produto que não chegam a receber, ficando sem resposta (por parte da marca/vendedor) e sem o reembolso do dinheiro.
Burlões usam marcas conhecidas no mercado
Segundo os relatos dos consumidores lesados, muitas vezes os burlões utilizam marcas já conhecidas no mercado para elaborar os esquemas. A análise permitiu identificar 1.288 marcas/entidades envolvidas, ou seja, foram alvo de reclamações sobre o tema.
O reembolso não recebido – perante a não receção do produto – é o principal motivo de queixa denunciado ao longo do primeiro semestre, absorvendo 63.3% das reclamações inseridas em contexto de burla. O segundo motivo mais apontado pelos consumidores está relacionado com a transação não autorizada/desconhecida, recolhendo 20.7% das queixas.
A motivar 8.8% das denúncias, estão os casos de phishing. Já a publicidade falsa gerou uma fatia de 3.6% das ocorrências.
Compras, Moda e Joalharia é o setor mais envolvido
A análise permitiu aferir ainda as categorias mais reclamadas, onde a alegada situação de burla aconteceu. O maior volume – a recolher 33.4% das reclamações – é observado na categoria Compras, Moda e Joalharia. Segue-se a área da Informática, Tecnologia e Som, a somar 16.1% dos casos. Já 11.6% das queixas denunciam esquemas fraudulentos na categoria Hotéis, Viagens e Turismo e 9.9% dos casos aconteceram em lojas online de Beleza, Estética e Bem-Estar. Na origem de 7.3% das reclamações encontram-se lojas e marcas de Mobiliário, Decoração e Eletrodomésticos.
Instagram é referido em 44.2% das queixas
Segundo a informação partilhada pelos consumidores nas reclamações, aferiu-se que o canal mais utilizado para as burlas é o Instagram, ao ser referido em 44,2% das queixas. Segue-se a rede social Facebook, que foi referenciada em 20.2% das reclamações. Em terceiro lugar, é apontado como canal para efetuar a burla, o WhatsApp, a motivar 18.3% dos casos. Já as SMS estiveram na origem de 15.8% das alegadas burlas; o Tik Tok (0.6%) e o telefone (0.5%).
Feitas as contas, apurou-se que a estimativa do valor do prejuízo para os lesados está próxima dos 500 mil euros (498.698.58 €).
Mais de 25 mil reclamações em 2023 e mais de 5 milhões de prejuízos
Recorde-se que, em 2023, o Portal da Queixa recebeu perto de 25 mil reclamações relacionadas com burlas online. A maioria das queixas relatava alegados esquemas online, onde os consumidores ficavam sem o produto, sem resposta e sem o dinheiro. O valor estimado dos prejuízos resultantes das burlas reportadas no ano passado, ultrapassou os cinco milhões de euros.