Um cão na família durante a infância pode estar associado à sua continuidade na vida adulta. Os fatores subjacentes a essa associação podem estar relacionados a influências genéticas. Nesse sentido, o objetivo de um estudo de instituições britânicas e suecas foi investigar a hereditariedade dos cães na vida dos seres humanos. Para o efeito foram analisados uma amostra de pessoas gémeas nascidas entre 1926 e 1996 e vivas em 2006.
Com efeito, esta investigação revelou uma forte contribuição genética para a manutenção de cães na idade adulta. Os autores do estudo encontram duas implicações principais nesta descoberta: em primeiro, a variação genética pode ter contribuído para a nossa capacidade de domesticar cães e outros animais, mas também, pode ter outros efeitos potenciais. Assim, estes devem ser considerados em estudos que examinem os impactos da presença de cães para a nossa saúde.
Portanto, na análise do ADN dos gémeos, os cientistas puderam comparar o impacto entre o ambiente e a genética. De acordo com o estudo, se uma família com gémeos idênticos tem um cão em casa, ambos são mais propensos a serem donos de cães na sua vida adulta, uma descoberta que os cientistas atribuem ao seu genoma compartilhado.
Porém, quando se trata de gémeos não-idênticos, ambos são muito menos propensos a manterem a presença de um cão no decorrer da vida adulta. Outro fator que pode determinar se os gémeos têm ou não um cachorro é viverem num ambiente compartilhado, apesar de os investigadores só terem considerado este fator no início da vida adulta.
Um dos autores e professor de epidemiologia, Patrick Magnusson, reconheceu que o estudo «não conseguiu identificar exatamente quais os genes» que podem determinar se uma pessoa pode ser propensa a fazer-se acompanhar por um cão. Contudo, o professor de epidemiologia referiu que «pelo menos demonstra pela primeira vez que a genética e o meio ambiente desempenham papéis iguais».
Com estes resultados, «o próximo passo óbvio é tentar identificar quais as variantes genéticas que afetam essa escolha e como elas se relacionam com os traços de personalidade e outros fatores, como as alergias», acrescentou o especialista.
Os cães foram o primeiro animal domesticado e, de acordo com evidências arqueológicas, mantêm uma relação próxima com os seres humanos há pelo menos 15.000 anos. Hoje, são os animais de estimação mais comuns na sociedade ocidental. Como estão ligados ao aumento do bem-estar, assim como, à melhoria dos resultados de saúde dos seus donos, os cães são considerados por muitos como “o melhor amigo do homem”.