Uma pesquisa recente nos Estados Unidos, que envolveu várias entrevistas a pessoas com mais de 90 anos, relativizou os stresses vividos depois dos 50 em comparação com os momentos de satisfação nessa faixa etária. A maior parte das respostas contraria a teoria de que esse é um ponto descendente da felicidade na vida das pessoas.
A teoria da curva da vida, como também é conhecida por especialistas, surgiu com a descoberta de evidências sobre felicidade e bem-estar por parte de equipas de investigação independentes em todo o mundo. Esta sugere que a felicidade da juventude das pessoas, no entanto, volta a ser vivenciada e com maior intensidade a partir dos seus 70 anos. Depois de identificada uma quebra entre os 20 e os 45 anos. Nessa fase da vida, os investigadores propõem que as pessoas estão menos ambiciosas e mais conscientes em viver o momento presente do que pensar no futuro.
Todavia, os pensamentos contraditórios destes entrevistados sobre os momentos mais felizes da sua vida levam a refletir sobre a natureza complexa da felicidade e, possivelmente, sobre a mudança na compreensão da felicidade à medida que as pessoas envelhecem. A ideia de felicidade na juventude tem um estado de realização ou abundância, que se vai alterando com o passar do tempo e se passam a valorizar outros aspetos da vida.
Amor, família e amizade
Os cônjuges serem, ou não, os amores das suas vidas foi uma questão que não teve uma resposta unanime. Embora, isso não tenha impedido muitos entrevistados de tentarem fazer os seus casamentos funcionar. A partir de uma certa altura da vida – particularmente quando surgem os filhos -, a felicidade pessoal perde importância para a felicidade dos seus rebentos e a dinâmica geral da família.
Esse foco na unidade familiar, no entanto, não significa que a paixão sexual e romântica do casal se tenha esfumado. As pessoas ainda desejavam ser cortejadas e sentem-se atraídas por outras, pois o desejo de companhia está tão presente quanto durante o auge da sua juventude. Mas, a falta de tempo e o facto de o corpo se cansar mais facilmente com a idade acabam por mudar as nossas prioridades.
Beleza e envelhecimento
Já as respostas sobre a beleza e a aparência física dos corpos à medida que envelheciam também revelaram diferentes interpretações, na medida em que estes temas importavam mais quando eram mais jovens. Os entrevistados que eram distinguidos pela sua boa aparência ou capacidade atlética sentiram um maior pesar em relação aos seus corpos atuais.
Porém, os que sempre se sentiram bem com a sua beleza facial e corporal, nunca sobrevalorizando esse aspeto da sua vida, mantiveram os seus níveis de felicidade mais constantes. Destaca-se, também, o facto de que as pessoas que experimentaram emoções negativas sobre o envelhecimento partilharam que o pico desse desgosto ocorreu por volta dos 70 anos e diminuiu desde então.