A receita certa para um regresso ao trabalho sem stress

Uma pitada de planeamento, duas colheres de naturalidade e outros ingredientes para um regresso cheio de força.

O despertador a tocar marca, inevitavelmente, para a maioria das pessoas, o fim das férias: chegou a hora de regressar ao trabalho. São várias as emoções e sentimentos que nos podem acompanhar, como a nostalgia, a melancolia ou até mesmo a ansiedade.

Tudo, aparentemente, muito natural, dado que temos saudades de um período que, em regra, é vivido com uma maior calma, onde não há horários rigorosos a cumprir, rotinas, prazos, objetivos… Um período vincado pela companhia da família, amigos e uma sensação de bem-estar, boa disposição e felicidade.

Porém, este regresso às nossas atividades profissionais não tem que, forçosamente, ser encarado como algo entediante e menos positivo. Deixo a receita certa para ajudar à readaptação ao ritmo de trabalho e a encarar com entusiasmo o regresso.

300 g de naturalidade: aceite que é natural estar ansioso com o regresso ao trabalho. O reajustamento a uma nova realidade dificilmente é imediato. É necessário um período de (re)adaptação. Afinal estamos perante uma mudança de hábitos e de rotinas e, como qualquer mudança, exige um período de adaptação. Da mesma forma, como quando vamos de férias não desligamos automaticamente do trabalho, fazemo-lo gradualmente, o mesmo também deve ocorrer com o regresso ao trabalho. O nosso corpo recarregou baterias e abrandou durante as férias, desenvolvendo um novo ritmo, mais lento, muito mais prazeroso. Obviamente, corpo e mente sentem dificuldades de adaptação a um novo ritmo muito mais rápido. Este “choque” inicial é algo esperado e natural. Sintomas como dificuldades em adormecer e acordar, baixa concentração e défice de produtividade inicial são marcos da readaptação ao novo contexto.

250 g de flexibilidade: minimize e não seja rígido e inflexível consigo. Aceite o decréscimo de produtividade e não espere ser altamente produtivo desde o primeiro dia, afinal é preciso tempo para se ajustar e readaptar às novas rotinas, pessoas e espaços físicos. Com o decorrer dos dias, a sua produtividade vai voltando aos índices habituais.

250 g de realidade: a provável ânsia de tentar colocar tudo em ordem, responder a todas as solicitações pendentes e sentir-se 100% operacional é tentadora, mas não passa de mera fantasia. Foque-se no real e recorde que já diz a sabedoria popular, que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”. Não queira, no primeiro dia de regresso ao trabalho, fazer tudo, colocar todos os emails em dia, responder a todos os pendentes… Além de ser utópico, é humanamente impossível. No entanto, nesta síndrome de super-herói, vai colocar-se num patamar de expectativas não realizáveis, toldar-lhe o foco no fundamental e distorcer a definição de prioridades, culminando num mar de culpa e frustração.

200 g de planeamento: defina prioridades. Analise as suas tarefas pendentes e planeie, utilizando como critérios a importância e a urgência. Planeie o que deverá fazer no imediato, o que poderá deixar para mais tarde e aquilo que, eventualmente, pode delegar. Não tenha receio no tempo que perde neste planeamento, facilmente perceberá que não é uma perda, mas um ganho, e que o seu investimento dará resultados.

150 g de socialização: interaja com os seus colegas, avive na sua memória as experiências positivas do trabalho, a sua motivação e todos os aspetos positivos do regresso ao trabalho. Mostre interesse em saber como foram as férias daqueles que o rodeiam, conte um pouco das peripécias que viveu, reforce e reative o espírito de equipa e sentimento de pertença. Aproveite as pausas, são vitais para este tema, mas também para permitir que o seu cérebro recupere um pouco do esforço efetuado, dando-lhe tranquilidade e foco para retomar a produtividade habitual.

350 g de foco no presente: cer- tamente viveu bons momentos e experiências únicas nas férias, mas agora é o momento de viver momentos únicos no seu local de trabalho. Apesar de ser tentador e altamente frequente confortarmo-nos em pensamentos como “adorava estar agora na praia”, ou “quem me dera estar agora de férias”, em nada vão ajudar. Muito pelo contrário, colocam a realidade num plano irrealista e toldam o seu raciocínio e foco. Foque-se no presente e evite ser saudosista. Lembre-se: o regresso não tem de ser o voltar ao “mundo de obrigações e chatices” que associamos às nossas vidas após as férias, o regresso pode ser o voltar à vida que escolhemos e que preenche e alimenta as nossas vidas. O contexto de lazer, prazer e relaxamento não terminaram. Existem fins de semana, folgas e momentos do dia em que não trabalha. Estes momentos podem ser encarados como momentos perfeitos para se poder dedicar às atividades de lazer que realizou nas suas férias. Não os desperdice e encha-os com aquilo que mais gosta.

No final, misture todos os ingredientes, de forma consistente, e envolva-os, formando uma mistura homogénea. Para terminar, junte uma pitada de paixão. Este ingrediente secreto vai dar um toque especial à sua receita e irá fazer
toda a diferença

Ler Mais