O preço do leite e dos laticínios tem vindo a aumentar, pelo menos desde fevereiro, uma evolução que os produtores consideram tardia, abrupta, mas necessária face à pressão que os custos de produção exercem no setor desde 2021, avança a Lusa.
“No caso do leite e dos produtos lácteos, a questão que se põe é mais por que é que aconteceu tão tarde? Nós já vínhamos a viver, até previamente à guerra da Ucrânia, com um aumento enorme da energia e dos alimentos para os animais produzirem leite”, defendeu o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso, em declarações à Lusa.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, em fevereiro, fez disparar o preço da energia e também dos cereais.
Assim, conforme defendeu, “mais tarde ou mais cedo” teria que haver uma transmissão dos custos do produtor para o consumidor.
Esta transmissão acabou por acontecer muito tarde, levando a uma escalada repentina dos preços, situação que o setor reconhece, mas não deixa de notar ser imprescindível para a sua sobrevivência.
“O produtor não podia suportar mais este aumento de custos. É uma atividade que vive de margens reduzidas e teve mais um ano de défice”, referiu.
Questionado sobre se o preço ao produtor também aumentou, Fernando Cardoso adiantou que Portugal está agora “muito mais perto” da média comunitária.
“Estamos, neste momento, com um preço à volta de 0,57 euros, eventualmente um bocadinho mais elevado. No início deste movimento, estávamos com preços de 0,36 euros ou 0,37 euros por litro. Houve uma escalada muito marcada do preço do leite ao produtor, numa proporção um bocadinho até maior do que o preço do consumidor”, apontou.
Segundo dados compilados pela Deco, organização de defesa do consumidor, um litro de leite UHT meio gordo custava 0,68 euros em 23 de fevereiro deste ano, valor que ascendeu a 0,96 euros no dia 07 de dezembro.
Neste período, um litro de leite UHT meio gordo registou o seu valor mais alto em 30 de novembro (0,97 euros).
Por sua vez, uma embalagem de 200 gramas de queijo flamengo fatiado passou de 1,99 euros para 2,65 euros, enquanto uma embalagem de 250 gramas de manteiga com sal passou a custar 2,32 euros, quando, em 23 de fevereiro, estava em 1,85 euros.
Já uma embalagem de 200 gramas de queijo curado fatiado teve um aumento, até 07 de dezembro, de 0,47 euros, passando de dois euros para 2,47 euros.
Um ‘pack’ de quatro unidades de iogurte líquido aumentou, no período em causa, 0,23 euros, estando o seu valor em 2,16 euros, enquanto um ‘pack’ de oito unidades de iogurte com aroma passou de 1,83 euros para 1,87 euros, tendo chegado a custar 1,89 euros.