«A semana de quatro dias ainda tem “um caminho muito longo” a percorrer até ser implementada em Portugal, sendo cedo para dizer como deverá ser legislada, defende Pedro Gomes, coordenador do projeto-piloto sobre o tema, citado pela Lusa.
O projeto-piloto da semana de quatro dias, que deverá ser apresentado pelo Governo na próxima reunião da Concertação Social, em novembro, “é um primeiro passo de uma caminhada que vai demorar muitos anos a fazer”, disse à Lusa o economista e professor em Birkbeck, Universidade de Londres, responsável pelo desenho do projeto.
«É preciso que fique muito claro na opinião pública portuguesa que o caminho é muito, muito, muito longo e que começamos sem fazer promessas» quanto à data da sua implementação em Portugal, acrescentou Pedro Gomes à Lusa.
«Sobre a forma de como deve ser legislada a semana de quatro dias, o economista considera que ainda é muito cedo para dizer se deverá ser feita na lei geral ou por acordos setoriais coletivos, indicando que só depois de se avaliarem os efeitos do projeto-piloto nas empresas e trabalhadores se poderá avançar para esta fase», refere a Lusa.
«A experiência piloto vai decorrer numa pequena escala para que se possa aprender como fazer esta mudança em Portugal e avaliar os seus efeitos quer do lado da produtividade das empresas, quer do lado do bem-estar e saúde física e mental dos trabalhadores», explicou Pedro Gomes à Lusa, sublinhando que é preciso um «debate amplo sobre a matéria».
“Espero que os resultados possam informar os parceiros sociais – sindicatos e entidades patronais – e também os partidos políticos, para depois do debate amplo que já se está a fazer na opinião pública, então aí sim – pensarem se vale a pena seguir este caminho”, afirma o professor.
Pedro Gomes, autor do livro “Sexta-feira é o Novo Sábado”, foi convidado pelo Governo para desenhar e coordenar o projeto-piloto da semana de quatro dias em Portugal, sendo que o projeto deverá abranger tanto o setor privado como o público, conclui a Lusa.