Andar descalço em casa é um hábito que desperta opiniões opostas: para uns, representa liberdade e conforto; para outros, levanta preocupações com a postura e a saúde dos pés. No entanto, estudos e experiências do dia a dia mostram que caminhar sem calçado, quando feito de forma adequada, pode trazer várias vantagens.
Em primeiro lugar, há a sensação imediata de bem-estar. Libertar os pés dos sapatos permite que respirem e se movimentem de forma natural, reduzindo a compressão causada por calçado apertado ou de salto. Esse contacto direto com o chão estimula as terminações nervosas, favorece a circulação sanguínea e ajuda a melhorar o equilíbrio, uma vez que o corpo precisa ajustar-se constantemente às pequenas irregularidades da superfície.
Outro ponto positivo é o fortalecimento muscular. Ao abdicar do suporte constante do calçado, os músculos dos pés, tornozelos e até da região lombar são mais solicitados, o que pode contribuir para uma postura mais estável e para a prevenção de dores crónicas. Além disso, andar descalço favorece a proprioceção — a capacidade do corpo de perceber a posição e o movimento das articulações —, algo essencial para manter a coordenação e reduzir o risco de quedas, sobretudo em pessoas mais velhas.
Em ambientes tranquilos, como o jardim ou a praia, andar descalço ainda permite um contacto com a natureza que pode ter efeitos relaxantes, ajudando a aliviar o stress do dia a dia.
Cuidados e possíveis riscos
Apesar dos benefícios, é importante reconhecer que andar descalço não é adequado para todas as situações. O contacto direto com o chão pode expor os pés a germes, fungos e bactérias, aumentando o risco de infeções como o pé de atleta, especialmente em zonas húmidas, casas de banho ou cozinhas. Por isso, a higiene deve ser uma prioridade: lavar e secar bem os pés após o contacto com superfícies potencialmente sujas ajuda a prevenir problemas.
Outro fator a considerar é o tipo de piso. Superfícies muito duras, como mármore, cerâmica ou cimento, podem gerar impacto excessivo nas articulações, em particular nos joelhos, tornozelos e coluna. Para quem tem problemas prévios, como fascite plantar, esporão do calcâneo ou pé plano, o uso de calçado ortopédico ou palmilhas de suporte pode ser essencial para evitar dores e complicações.
Profissionais de saúde, incluindo fisioterapeutas e podologistas, recomendam que a prática seja feita com moderação e adaptada a cada pessoa. Em casas com pisos frios ou escorregadios, o ideal é optar por meias antiderrapantes ou chinelos leves, que preservem parte da liberdade dos pés, mas reduzam o risco de quedas.
Em resumo, andar descalço em casa pode ser um hábito saudável e até terapêutico, desde que aliado a cuidados básicos de higiene, atenção ao tipo de piso e ao histórico de saúde de cada um. Para quem está curioso, vale experimentar por alguns minutos ao dia, observando como o corpo reage. O segredo está no equilíbrio entre conforto, proteção e bem-estar.










