A Animalife recebeu mais de quatro mil pedidos de ajuda no primeiro semestre do ano e está à procura de voluntários para tarefas como passear animais de estimação de pessoas carenciadas ou ser “família de acolhimento temporária”, avança a Lusa.
A associação Animalife não tem um albergue nem animais a cargo, mas luta diariamente contra o abandono, mantendo ativas várias iniciativas que vão desde tratamentos médicos-veterinários gratuitos, entrega de ração a famílias carenciadas ou simplesmente passear os animais cujos donos têm dificuldades de mobilidade.
À Lusa, o presidente associação, Rodrigo Livreiro, salientou que estas ações dependem muito do trabalho dos voluntários, que se podem candidatar a qualquer tarefa. As “candidaturas” estão sempre abertas, até porque quanto maior for a equipa mais ajuda poderão dar.
Criada em 2011, a associação apoia atualmente mais de 700 famílias e cerca de 1500 animais. Além da cidade de Lisboa, onde está a maioria dos beneficiários, existem outros centros de atendimento em cidades como Oeiras, Sintra, Seixal, Porto, Póvoa de Varzim ou Amadora.
“Estamos sempre disponíveis para receber voluntários nas tarefas diárias. Como temos um conjunto de pessoas que tem dificuldades de mobilidade, precisamos muito de voluntários para passeios, para transporte de animais ou para alojamento temporário, que acaba por ser fundamental para dar uma resposta adequada a estas famílias”, explicou à Lusa Rodrigo Livreiro.
A associação precisa de aumentar a sua equipa para garantir também o sucesso de ações como a campanha nacional de recolha de bens alimentares para animais, que acontecem em grandes supermercados, acrescentou.
“É uma oportunidade única que nós temos de pedir aos portugueses para contribuírem. Obviamente que precisamos durante todo o ano das pessoas, não só para fazer voluntariado na Animalife, mas nas associações zoófilas, que diariamente lutam porque tem dificuldades em manter os animais que têm cargo”, acrescentou.
Desde o início do ano, os pedidos de ajuda dispararam, contou Rodrigo Livreiro: “Nos primeiros seis meses recebemos mais de quatro mil”, sendo muitos dos casos para tratar da identificação eletrónica nos gatos, que passou a ser obrigatória, mas também para conseguir comida ou consultas veterinárias.
A Animalife conta com assistentes sociais e veterinários. Durante este ano, foram realizados 1.094 atendimentos sociais e 756 atendimentos profiláticos a nível nacional, contou o presidente da associação.
À Lusa, a veterinária Rute Porém revelou que começa por tratar dos atos exigidos por lei, como o plano de vacinação dos animais, mas, muitas vezes, acaba por tratar de outras patologias. No dia em que a Lusa acompanhou a veterinária nas consultas à população carenciada da freguesia de Marvila, surgiram várias situações, como um gato com problemas intestinais ou um cão com problemas de pele.
No seu consultório improvisado, por vezes, a veterinária consegue dar resposta no momento, mas existem casos sem solução no imediato.
Rute lançou por isso também um apelo a quem tem animais, para que entreguem os medicamentos que estão dentro do prazo e qu os seus animais já não estão a usar.
À associação chegam doações de medicamentos, mas faltam sempre “suplementações de pele e suplementações articulares”, contou a veterinária.
“Temos muitos cães idosos com artroses que realmente precisam dessa suplementação é, às vezes, também com alguns problemas gastrintestinais e renais”, acrescentou, explicando que estas são patologias normais de uma população animal envelhecida.
“Nós não temos orçamento muitas vezes para conseguir adquirir os medicamentos necessários para aquele animal e o que tentamos aqui fazer, às vezes, é alguma parceria para que os medicamentos consigam realmente chegar e dar uma melhor qualidade de vida”, contou.