O carrilhão da Igreja de Santo Antão, situada na Praça do Giraldo, considerada a “sala de visitas” de Évora, está a ser restaurado e vai voltar a ouvir-se, a partir de junho ou julho, após décadas em silêncio, avança a Lusa.
“A ideia não é só restaurar materialmente os instrumentos, mas é também recuperar a tradição dos toques manuais”, revelou hoje à agência Lusa Rodrigo Teodoro de Paula, investigador da Universidade de Évora (UÉ) e coordenador do projeto de restauro.
O restauro insere-se no projeto PASEV – Patrimonialização da Paisagem Sonora de Évora, coordenado pelo polo local do Centro de Sociologia e Estética Musical (CESEM) e pelo Centro Interdisciplinar de História, Cultura e Sociedades (CIDEHUS).
Constituído por 10 sinos e um teclado de transmissão, o pequeno carrilhão da Igreja de Santo Antão encontrava-se “completamente silenciado há já muitas décadas e não há memória de quando foi tocado pela última vez”, assinalou o investigador da UÉ.
Os sinos “estavam silenciados e, obviamente, também não recebiam os cuidados que normalmente esses instrumentos precisam”, realçou, salientando, porém, que “não apresentavam nenhum tipo de risco, de queda, por exemplo”.
Segundo o coordenador do projeto de restauro, os sinos foram retirados da igreja em outubro do ano passado e encontram-se, desde então, a ser alvo de conservação e reabilitação na Fundição de Sinos de Braga.
“Com a ação do tempo, as madeiras dos cabeçalhos já precisavam de restauro” e a intervenção em curso inclui a recuperação de outras partes em madeira e limpeza dos sinos, adiantou o também investigador.
Rodrigo Teodoro de Paula indicou que os sinos restaurados vão começar a ser colocados no lugar, na torre nascente da igreja, no dia 22 deste mês, numa operação que deverá demorar, no máximo, uma semana.
No dia anterior, vão ser abençoados pelo arcebispo de Évora, Francisco Senra Coelho, e só vão poder ser ouvidos depois da inauguração, cuja data ainda não está definida, mas deverá acontecer durante os meses de junho ou julho.
O investigador e coordenador do projeto de restauro explicou que a recuperação deste pequeno carrilhão surgiu na sequência do trabalho de inventariação dos sinos históricos existentes na parte intramuros da cidade de Évora, integrado no projeto PASEV.
Este instrumento teve o seu início, por volta de 1856, quando foram instalados os primeiros oito sinos e só mais tarde, na década de 20 do século passado, é que foram acrescentados outros dois sinos e o teclado.
O projeto de restauro do carrilhão contou com o apoio financeiro da Direção Regional de Cultura do Alentejo, da Fundação Eugénio de Almeida, Diocese de Évora, Câmara de Évora e Tagus – Atlanticus Associação Cultural.
Construída no século XVI, a Igreja de Santo Antão está classificada como imóvel de interesse público e é Monumento Nacional devido à classificação do centro histórico de Évora como Património Mundial pela UNESCO.