A 24 de setembro, o cometa 2l/Borisov voltou a ser observado no Havai, Estados Unidos, pelo telescópio Géminis da União Astronómica Internacional (IAU), que comprovou a proveniência “estrangeira” desse corpo interestelar. Isso porque este proveio de outro sistema planetário, tratando-se do segundo, depois do 1l/Oumuamua, o asteroide que atravessou o sistema solar em 2017. Quase um mês antes, o 2l/Borisov foi visto pela primeira vez na Europa, na Crimeia, por Gennady Borisov, «do telescópio de 65 centímetros que o próprio construiu», segundo o jornal espanhol El País.
O nome do novo corpo interestelar (2l/Borisov), «que estava envolvido numa nuvem muito compacta de poeira e gás e apresentava uma cauda característica dos cometas», é uma combinação do número que o identifica como o segundo objeto do género conhecido e o nome do autor da sua descoberta. Neste momento é sabido que a sua trajetória é o Sol e que viaja a 32 quilómetros/segundo.
De acordo com uma equipa de astrónomos polacos, que estudou a órbita do 2l/Borisov, este pode advir de um sistema solar binário, o Kruger 60, formado por duas estrelas anãs vermelhas, que está a 13 anos-luz da Terra. O “novo” visitante teve uma entrada, no nosso sistema solar, quase perpendicular às órbitas dos planetas. Está previsto que o cometa se aproxime do Sol, a 7 de dezembro atinja o seu ponto mais próximo do Sol e que a sua saída do sistema solar aconteça no próximo ano.
As observações de uma equipe de astrónomos polacos e holandeses, a 10 de setembro, do telescópio North Gemini no Havai, e William Herschel, nas Ilhas Canárias, que foram publicadas na revista Nature Astronomy, mostram que o núcleo do cometa pode ter um quilómetro de diâmetro. A órbita do 2I / Borisov tem uma «excentricidade que nos diz que não provém do nosso sistema solar», garante a astrónoma Inés Pastor.
Este tipo de corpo de outro sistema planetário ainda é um profundo mistério para os cientistas, até porque ainda só há dois conhecidos. No entanto, ao contrário do asteroide 1l/Oumuamua, que apenas foi observado por alguns dias, o 2l/Borisov concentra menos especulações e mistérios e ainda vai poder ser observado durante cerca de um ano.
Acredita-se que no futuro se possam captar mais viajantes interestelares graças ao lançamento de um telescópio capaz de mapear todo o céu, o LSST. Neste momento está em processo de construção no Chile e prevê-se que comece a operar em três anos.