De acordo com dados da Segurança Social, há uma diferença de milhares de beneficiários entre os planos do Executivo e a realidade: no passado dia 10, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Maria do Rosário Palma Ramalho, salientou que as alterações ao CSI tinham permitido que a prestação social chegasse a mais 7.838 pessoas só em maio e junho, longe dos previstos 22.500 idosos. No entanto, em maio, o número de beneficiários caiu de 140.410 para 137.919, voltando a subir em junho para 141.655 – ou seja, uma subida de 3.736 beneficiários: se se comparar com abril, a subida é ainda mais modesta, não indo além dos 1.245.
Segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, os números estão certos, tanto a estimativa do Governo como os valores apresentados pela ministra, isto porque a meta de 24 novos beneficiários refere-se a um período temporal que ia “até ao final” deste ano – no entanto, deixou a ressalva: a atualização mensal dos beneficiários do CSI dificilmente vai refletir esse aumento, porque às novas entradas é preciso descontar as saídas, seja por morte do beneficiário, alterações do seu rendimento ou pela entrada num lar.
O valor mensal do CSI também sofreu alterações: em maio, subiu até aos 239,13 euros, quando em abril não ultrapassou os 186,89 euros – já em junho fixou-se nos 233,06 euros, sendo que nestes dois últimos meses registaram-se os valores médios mais elevados de sempre do CSI, que nunca tinha ultrapassado os 200 euros.
Fernando Diogo refere a evolução do CSI menos pronunciada do que se poderia esperar nestes dois últimos meses pode prender-se com três fatores: a falta de informação, a literacia e a solidão. “Uma característica do CSI, que é partilhada com outras medidas, é que tem de ser requerido, não é automático. Por isso, antes de tudo, as pessoas precisam de saber que a medida existe e que podem requerê-la, e isto é algo que, na minha opinião, demora o seu tempo”, salientou o professor associado da Universidade dos Açores e investigador do Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Universidade Nova de Lisboa, que destacou ser necessária “alguma proatividade” da Segurança Social.
“A Segurança Social trabalha com diversas entidades no terreno que podem ajudar, até no impacto que a solidão também pode ter. Os idosos são mais vulneráveis à solidão e a rede familiar é cada vez mais pequena. Uma das características da solidão é precisamente o evitar do contacto com os outros”, referiu.