Sofrer um ataque de pânico e viver com a ideia de que poderá repetir-se a qualquer momento pode ser limitante. Apesar de serem relativamente comuns – ocorrendo em pelo menos 11% dos adultos ao longo do ciclo de vida – estes continuam a ser mal compreendidos. Naturalmente, surgem dúvidas como: “de que forma se lida com um ataque de pânico?” ou “como ajudar alguém que esteja a ter um?”. Hoje assinala-se o Dia Internacional do Pânico, uma oportunidade para esclarecer, desmistificar e ajudar quem sofre com ataques de pânico, refere Henrique Prata Ribeiro, Psiquiatra no Hospital Lusíadas Monsanto
O que é um ataque de pânico?
Um ataque de pânico é um episódio súbito, acompanhado de alterações fisiológicas não controláveis e que, regra geral, está associado a medo e ansiedade intensos. Surge, normalmente, sem aviso e sem uma causa externa evidente. Manifesta-se através de sintomas físicos como palpitações, dor no peito, dificuldade em respirar, tonturas, tremores, suores e sensação de despersonalização, podendo gerar um medo intenso de perder o controlo. Embora não represente risco de vida, o ataque de pânico é vivido como algo extremamente ameaçador e é muitas vezes incapacitante.
Este tipo de episódio pode ocorrer de forma isolada ou recorrente, podendo durar desde alguns minutos a uma hora (embora seja raro). Quando se torna frequente, interfere significativamente com a vida da pessoa e pode evoluir para uma perturbação do pânico – que exige atenção clínica especializada.
Como lidar com um ataque de pânico?
Se estiver a sentir um ataque de pânico, estas estratégias podem ajudá-lo a recuperar o controlo:
1. Respire fundo: Faça inspirações lentas, de cerca de 4 segundos, sustenha a respiração por 7 segundos e demore 8 segundos a expirar – o objetivo é a redução do seu ritmo cardíaco.
2. Reestruture o seu pensamento: Pensamentos acerca do que se está a passar como “já passei por isto antes”; “sei que isto não é perigoso” e outro tipo de autoafirmações realistas podem ajudar;
3. Relaxamento muscular progressivo: Contrair e relaxar grupos musculares de forma sequencial;
4. Distração sensorial: Ouça uma música suave, toque num objeto familiar, observe pormenores à sua volta. Redirecionar a atenção reduz a intensidade dos sintomas.
5. Analise o redor: Não fuja do local caso ele seja seguro – isso ajudará a que cognitivamente assimile que esse medo era infundado.
Se os ataques de pânico são frequentes ou começam a interferir com o seu dia a dia, é essencial procurar intervenção especializada. Essa intervenção – que pode incluir técnicas de psicoterapia cognitivo-comportamental, consulta especializada de psiquiatria e/ou medicação – será essencial para regressar ao seu funcionamento regular, permitindo mitigar o impacto e posteriormente ultrapassar os episódios de pânico.