Muitos de nós já experienciámos, num ou outro momento, aquele som persistente dentro da cabeça — um apito, zumbido ou chiado que parece não vir de lugar nenhum. Apesar de intrigante ou irritante, este fenómeno é uma realidade para cerca de 10–20% da população adulta, especialmente em idades mais avançadas.
São sons percebidos sem estímulo externo real — podem ser contínuos, intermitentes e até pulsáteis, ouvidos num ou em ambos os ouvidos. Estes sons são processos auditivos que surgem devido a falhas nas células da cóclea (ou outros pontos do sistema auditivo), que enviam sinais elétricos erráticos ao cérebro.
Principais causas
-
Exposição a ruído intenso (concertos, auscultadores a volume alto) — danifica as células ciliadas do ouvido
-
Envelhecimento/presbiacusia — a deterioração progressiva da audição pode provocar zumbidos
-
Obstruções ou infeções — acumulação de cerúmen, otites e inflamações desencadeiam sintomas
-
Problemas circulatórios e vasculares — hipertensão, aterosclerose ou tinnitus pulsátil ocorrem por aumento do fluxo ou pressão
-
Medicamentos ototóxicos — alguns antibióticos, anti-inflamatórios ou quimioterápicos podem causar zumbidos
-
Distúrbios da articulação temporo-mandibular (ATM) — disfunções nesta articulação também podem ser responsáveis
-
Fator emocional: stress e ansiedade — aumentam a perceção dos sons e agravam os sintomas
Que impacto pode ter?
Embora raramente indiquem algo grave, os acufenos podem comprometer seriamente a qualidade de vida, ao causarem dificuldade em dormir, concentração reduzida, irritabilidade e até ansiedade ou depressão. Como referem os investigadores Pedro Cobo e Maria Cuesta, “o acufeno leva a um importante sofrimento emocional”.
O que pode fazer?
-
Consulte um otorrinolaringologista: geralmente inclui audiograma, remoção de cerúmen, estudos de imagem se necessário
-
Terapia de habituação (TRT): usa sons de fundo (ruído branco) para reenquadrar a perceção auditiva
-
Aparelhos auditivos: úteis se houver perda auditiva associada, pois reforçam os sons externos
-
Gestão do stress: ioga, meditação e routinas de relaxamento ajudam a reduzir o desconforto
-
Mudanças no estilo de vida: evitar ruído excessivo, álcool, tabaco e reduzir cafeína pode trazer benefícios
-
Hábitos saudáveis: estudos sugerem que uma dieta rica em frutas, fibras, lácteos e café pode reduzir o risco de tinnitus
Muitos que experienciam tinnitus aprendem a “conviver” com o som, focando-se em ruídos de fundo para diminuir a sua percepão . Com paciência, apoio profissional e mudanças simples, é possível minimizar o impacto no dia-a-dia.