Há perguntas feitas pelos médicos que consideramos constrangedoras e, para as quais, existe uma tendência de fugir à verdade – sobretudo aquelas sobre o quanto estamos a beber ou a exercitar. Mas um estudo recente, feito por especialistas de quatro universidades americanas, questionou mais de 4.500 adultos e descobriu que quase metade dos participantes no estudo não revelava informações ainda mais importantes aos seus médicos, incluindo detalhes que podem ser de vida ou morte.
A frequência com que os pacientes retêm informações dos médicos quando passam por situações que possam considerar intimas e porque o fazem foram os objetivos que levaram à realização deste estudo. Constatou-se que pelo menos um quarto dos participantes não partilhou com o seu médico informações do evento traumático pelo qual passaram nas suas vidas.
De acordo com as respostas dos sujeitos neste estudo, as pessoas tem uma maior tendência de não revelar que foram vítimas de agressão sexual, que enfrentam ou enfrentaram violência doméstica, que estão deprimidas ou que têm pensamentos suicidas. A investigação descobriu, também, que a causa por trás da omissão destas informações aos médicos se deve a preocupações sobre potenciais repercussões negativas, como o embaraço, sentirem-se julgadas ou terem dificuldade em realizar certos exames médicos mais íntimos.
O estudo pretendeu, ainda, mostrar como partilhar com o médico todas as informações que digam respeito à saúde do paciente, tendo em conta que pode ser importante para estes receberem apoio e assistência com maior qualidade.
Reações
A chefe do Departamento de Ciências da Saúde da População da Faculdade de Medicina da Universidade de Utah e coautora do estudo Ângela Fagerlin disse, em comunicado de imprensa, que «para os profissionais de cuidados primários ajudarem os pacientes, estes precisam de saber contra o que o paciente está a lutar», pois há inúmeras maneiras de «ajudar os pacientes, como obter recursos, terapia e tratamento».
Já a médica Wanda Filer diz no site DomesticShelters.org compreende «que as pessoas não desejem discutir certas informações privadas com os seus médicos», pois estes «nem sempre fazem perguntas que dão aos pacientes a oportunidade de falar sobre abuso e violência em casa, em particular».