«De fato, não há como mudar o que está feito, e a série é realmente boa, mas não custa nada refletir sobre os defeitos para não se repetirem», defende o psicólogo Everaldo Santiago.
«Para um programa com a influência de Friends, a série exibiu um nível chocante de insensibilidade tanto em relação às suas personagens quanto às várias formas de relações de privilégio que existem no mundo», avança o especialista.
Os protagonistas regridem de modo geral
Enquanto algumas das personagens principais da série conseguem mudar e evoluir ao longo dos episódios e temporadas, como Chandler e Monica, por exemplo, que aparentam estar a seguir em frente na vida para ter uma família e uma estabilidade, os demais parecem viver num processo de regressão:
- Ross e Rachel acabam juntos, naquele que foi um relacionamento intermitente durante várias temporadas.
- Joey parece ficar cada vez pior, cada vez menos inteligente conforme a série avança, enquanto os guionistas usam isso como motivo de piada.
Relacionamentos ciumentos e possessivos
«Os fãs amam ou odeiam o relacionamento entre Ross e Rachel, mas não se pode negar que ele tinha um lado ciumento e possessivo que era romantizado ou transformado em comédia».
Outra coisa é que Ross não entendia por que Rachel se dedicava a ter uma carreira na indústria da moda e parecia que queria impedi-la de trabalhar.
Ele queria que Rachel se concentrasse nele ao invés de na sua carreira e isso causou uma rutura no seu relacionamento. Quando os dois conseguem resolver isso, ficam juntos novamente e Rachel desiste de seguir uma carreira em Paris para ficar com ele, o que a série retratou como algo romântico.
«Nunca desista do que você é ou do que você quer por uma outra pessoa», sublinha o psicólogo.
A falta generalizada de personagens e elenco diverso
Há muitos poucos atores não brancos que tiveram a oportunidade de dar vida a personagens importantes na série. As exceções são poucas, como Aisha Tyler, que interpretou a Dra. Charlie Wheeler, a namorada paleontóloga de Ross.
«Mesmo com toda a diversidade, não faz o menor sentido uma produção tão importante apresentar um elenco praticamente todo branco para um programa que se orgulhava de ser acessível ao público», avança.